O presidente da Câmara de Esposende acusou hoje o diretor do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Cavado III de estar a “partidarizar” ou desconhecer o Plano Nacional de Vacinação contra a covid-19, exigindo a sua “exoneração imediata”.
Numa conferencia de imprensa esta manhã, Benjamim Pereira (PSD) afirmou estar “quebrada a confiança” entre o município e Fernando Ferreira, depois deste ter sido “perentório” ao afirmar que “só poderia haver um centro de vacinação” por agrupamento, obrigando a população de Esposende a deslocar-se a Barcelos, o que, garantiu o autarca, “não é verdade”.
A Lusa tentou contactar o diretor do ACES Cávado III Barcelos-Esposende, mas até ao momento não foi possível.
O autarca salientou que, “perante o posicionamento inflexível” de Fernando Ferreira, “mas acima de tudo pela quebra de confiança gerada pelas suas ações, a relação de confiança institucional que deve presidir à defesa dos interesses das populações está definitivamente inquinada”.
Desta forma, a autarquia “exige à ministra da Saúde que exonere e retire imediatamente de funções o atual Diretor do ACES Cávado III”.
A referida “quebra de confiança”, explicou, sustenta-se nas “constantes fugas de informação que fundamentaram comunicados do PS local e que demonstram uma deslealdade e uma partidarização inaceitável deste processo”.
No dia 01 deste mês foi público que a população de Esposende, incluída na fase de vacinação de maiores de 80 anos e de 50 com patologias, teria que se deslocar a Barcelos para ser vacinada, o que gerou críticas da oposição socialista que acusou o autarca de “não defender os interesses da população” por não ter garantido a vacinação no concelho.
Benjamim Pereira relatou que o PS local anunciou na quinta-feira à noite, através da rede social Facebook, “tendo como fonte o ACES, que a vacinação seria feita em Esposende” e não em Barcelos, sem que a autarquia tenha ainda conhecimento oficial dessa decisão.
Além disso, Benjamim Pereira revelou ter estado em contacto com o secretário de Estado Eduardo Pinheiro que “garantiu não haver nenhuma obrigatoriedade de haver apenas um centro de vacinação por ACES, mas pelo menos um, e que ter a vacinação em Esposende só dependia da vontade do município”.
“Atente-se que a informação errada que nos foi transmitida levou à apresentação da moção [a pedir a fase de vacinação no concelho e não em Barcelos] na Câmara, o que afinal não fazia qualquer sentido, o que ridiculariza a ação do município perante a tutela e toda a população”, lamentou o autarca.
Benjamim Pereira considerou que a “posição inflexível” de Fernando Ferreira tem “uma de duas” explicações: “Ou havia um desconhecimento atroz das orientações dadas no Plano de Vacinação, ou uma intencionalidade dessa ação, uma vez que a decisão de vacinar em Esposende foi antecipada pelo PS local”.
O autarca reiterou a sua “total disponibilidade para criar todas as condições que forem exigidas com vista à instalação, de imediato, do centro, ou centros de vacinação, a instalar no município, dando seguimento à permanente colaboração com as entidades que superintendem esta matéria e que o solicitem”.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.285.334 mortos resultantes de mais de 104,8 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 13.482 pessoas dos 748.858 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.