Autarca de Braga “perplexo” com “desvio” de helicóptero para Famalicão

Foto: Joaquim Gomes / O MINHO

O presidente da Câmara de Braga e da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Cávado, Ricardo Rio, mostrou-se esta terça-feira “perplexo com a saída do helicóptero ligeiro de primeira intervenção previsto continuar em Braga, que coloca em risco não só Braga, como a região envolvente, incluindo uma parte muito significativa do Parque Nacional da Peneda-Gerês”.

Ricardo Rio, que falava depois da tomada de posse do novo adjunto técnico dos Bombeiros Sapadores de Braga, Carlos Silva, lançou o repto ao ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, “para revelar quem foi o inspirado anónimo que na Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, à última hora, se lembrou de desviar o hélio, de Braga para Famalicão”.

Falando à margem da cerimónia, Ricardo Rio manifestou “toda a perplexidade” pela deslocação do Helicóptero Bombardeiro Ligeiro, previsto para o Centro de Meios Aéreos de Braga, que foi para o Centro de Meios Aéreos de Vila Nova de Famalicão, “contrariando o que estava previsto e implicou investimentos, tendo sido anunciado oficialmente com pompa e circunstância”.

“Aventureirismo na gestão de recursos”

Ricardo Rio referia-se ao Plano de Operações Subregional do Cávado do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais, apresentado em maio, na vila termal do Gerês, em Terras de Bouro, onde foram elencados os meios aéreos para os diferentes níveis de empenho operacional disponíveis no centro de meio aéreos da subregião do Cávado, situado no Aeródromo de Braga.

“É com enorme perplexidade que perante o histórico recente que o país tem vivido e face às necessidades de articulação de meios e de criação de condições de colaboração para que todos possam cumprir com a sua responsabilidade, vamos assistindo a algum aventureirismo na forma como são geridos recursos e não são cumpridos os meios de planeamento”, salienta o autarca.

Ricardo Rio lamentou que “de um momento para outro, já na véspera da entrada em funções do Dispositivo Municipal de Vigilância e Primeira Intervenção, se decida, ao arrepio do que tinha sido inicialmente planeado, deslocar um meio aéreo de combate aos incêndios do concelho de Braga para o concelho de Famalicão”.

“Minutos podem fazer toda a diferença”

Segundo Ricardo Rio, “este helicóptero permitia, numa lógica de proximidade, resposta mais célere, a nível não só de Braga, como nos concelhos limítrofes, além de parte substancial do Parque Nacional da Peneda-Gerês, onde os riscos são ainda mais sensíveis, porque pequenos minutos podem fazer toda a diferença, ficando a capacidade de resposta diminuída e mais atrasada”.

Terras de Bouro, um dos seis municípios que integram a CIM do Cávado, tem o chamado “coração” do Parque Nacional da Peneda-Gerês, nas Matas de Albergaria e de Palheiros, decretado em 2009 pela UNESCO como reserva mundial de biosfera, dispondo de um carvalhal ímpar em toda a Península Ibérica e com a maior concentração mundial de marcos miliários romanos.

“Proteção Civil é uma matéria muito séria”

 “A Unidade de Emergência de Proteção e Socorro da GNR fez investimentos no Aeródromo Municipal de Braga, assim como a Câmara de Braga e a própria Autoridade Nacional de Emergência e de Proteção Civil, para se ter esse helicóptero ligeiro, a par de um meio aéreo pesado, um Kamov, mas na véspera fomos todos apanhados de surpresa”, referiu Ricardo Rio.

“A Proteção Civil é uma matéria muito séria”, segundo afirmou Ricardo Rio, ao final da manhã desta terça-feira, “que não se compadece com qualquer tipo de experimentalismo, que nos deixou a todos a aventureirismo, não cumprindo os meios de planeamento e tudo aquilo que estava previsto, colocando até em risco até a integridade e a vida dos operacionais no terreno”. 

 
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