A Associação Teatro Construção (ATC), concelho de Famalicão, estreia a 01 de janeiro a peça “Guerra e Paz numa Gota de Mel” para pôr a sociedade a “debater” e “refletir” sobre “a loucura sanguinária dos nossos dias”.
Um vendedor de mel ao medir o mel deixa cair uma gota. Uma mosca pousa na gota, um gato salta sobre a mosca, o cão do pastor que foi comprar o mel mata o gato, o dono do mel mata o cão porque lhe tinha matado o gato e o pastor ao ver o cão morto mata o vendedor. Assim começa a guerra: com a morte de um homem.
Eis o início de “Guerra e Paz numa Gota de Mel”, uma peça que juntará 15 atores com idades entre os 17 e “para lá” de 60 anos” no palco exatamente no primeiro dia do novo ano, Dia Mundial da Paz.
O encenador, e também presidente da ATC, Custódio Oliveira, explicou que este é “o contributo simples que a instituição quer dar para a discussão dos valores da paz e dos efeitos terríveis da guerra, num tempo em que a guerra quase faz parte do estado do mundo”.
O espetáculo, marcado para as 21h30, conta como começa uma guerra e como acaba uma guerra, sendo que numa das passagens é mesmo “gritada” a expressão: “loucura sanguinária”.
“E tanto se mataram os homens durante tanto tempo que certo dia ficaram frente a frente dois soldados, os únicos que restaram. Olharam-se olhos nos olhos e um diz ‘porquê?’ e o outro diz ‘como foi que tudo isto começou?’. Um responde ‘já não sei’ e o outro ‘eu sei lá’ e caem para o lado mortos” – eis como termina uma guerra na adaptação e mensagem da ATC, de Vila Nova de Famalicão.
Música original, teatro de sombras, luz negra e vários elementos experimentais são as características do espetáculo que resulta do trabalho de uma turma que está a frequentar desde setembro um curso de teatro na ATC. A peça começa com poemas de Natália Correia e Manuel Alegre.
A ATC aproveitou o lançamento desta peça para anunciar o plano de atividades e orçamento para 2016, um programa que tem como grande novidade a realização “em maio ou junho de acordo com a disponibilidade de outros parceiros” de um congresso com organizações da Europa do Sul.
O objetivo é debater o papel no futuro de instituições de comunidade, ou seja, e conforme referiu Custódio Oliveira, de “instituições que têm um papel forte em várias áreas, do social, ao cultural e desportivo, culminando em solidariedade”.
“Qual o papel que as associações que têm preocupações com o desenvolvimento da sociedade e da comunidade devem ter no futuro? Será a pergunta principal do congresso. Pretende-se que não seja algo paroquial, pelo que vamos procurar trazer experiências de países como a Itália, a França e a Espanha”, avançou o presidente da ATC que está a completar 40 anos.
O plano de atividades para 2016 tem cerca de 100 iniciativas e um orçamento de cerca de três milhões de euros.
Com cerca de uma centena de funcionários, por dia esta instituição atende cerca de 600 pessoas nas várias valências, nomeadamente jardim-de-infância, centro de estudos e academia de basquetebol.
“É uma instituição viva e dinâmica e o que é bonito é que tudo – quando figo tudo falo por exemplo de provas de atletismo que envolvem 5.000 pessoas – nasceu do teatro”, concluiu o dirigente que também é fundador desta instituição.