A Associação Desportiva de Escaladores de Braga (ADEB), que está sediada na freguesia de Gualtar, em Braga, debate-se com “fracas condições de treino”, tendo crianças e jovens a praticarem aquela modalidade, agora olímpica, tendo por suporte de segurança antigos colchões de cama, em vez de almofadados próprios para garantir a integridade dos atletas.
Mas também não está autorizada pela autarquia local, a Junta de Freguesia de Gualtar, a utilização do seu Rocódromo, a não ser a partir do final da tarde, quando a obra, que ainda não está completa, foi selecionada pelos bracarenses exclusivamente para fazer escalada.
Em declarações a O MINHO, que o questionou acerca do ponto de situação da aprovação do seu projeto, aquando dos dois Orçamentos Participativos de Braga, que a coletividade viu serem eleitos, em 2016 e 2018, com 85 mil euros de cada vez, num total de 170 mil euros, o presidente da ADEB, Jorge Martins, considerou “ser uma tremenda injustiça não podermos utilizar este sempre espaço, construído propositadamente e só para a escalada”.
Jorge Martins, professor da Universidade do Minho e um apaixonado desde sempre pela escalada, pretende agora na próxima Assembleia de Freguesia de Gualtar solicitar que, no protocolo com aquela autarquia local, a detentora do espaço passe a constar ter a prática continuada da modalidade como sendo único fim das instalações construídas para o efeito.
A ADEB, que iniciou a sua atividade em 2016, já dispõe de dezenas de associados, tendo cerca de três dezenas de escaladores, nas especialidades de escalada de competição, de alpinismo, de escalada de rocha, incluindo oito jovens que competem no circuito nacional, a par de caminhadas, estas e as outras atividades, como escalada de aventura, também no Parque Nacional da Peneda-Gerês, mais concretamente nas Serras da Peneda e do Gerês.
Obras ainda por concluir
Jorge Martins revelou “andar a solicitar ao longo dos últimos tempos à Junta da Freguesia de Gualtar que conclua as obras, faltando equipar os balneários e casas de banho, colocar luz em todas as dependências do Rocódromo de Braga, pois só existe eletricidade ligada ao pavilhão, cujas respetivas verbas estão incluídas ainda nos Orçamentos Participativos de Braga, o de 2016 e o de 2018, que contemplaram ao todo 170 mil euros para o edifício.
Ainda segundo Jorge Martins, “é necessário dotar todo o pavilhão com os colchões que são indicados para segurança e integridade dos atletas, tratando-se dos homologados, que deverão ter altura e densidade suficientes para absorverem as quedas dos atletas enquanto praticam escaladas, mais as presas para as paredes de escalar e obter a certificação”, num total de 25 mil euros, que espera a ADEB sejam pagos pela Junta de Freguesia de Gualtar, eventualmente ainda com o apoio do Pelouro de Desporto da Câmara Municipal de Braga.
Espaço somente para escalada
Historiando toda a situação, o professor Jorge Martins explicou que “a Câmara Municipal de Braga delegou, na Junta de Freguesia de Gualtar, a construção deste espaço, atribuindo a propriedade à autarquia local, que por sua vez fez um protocolo connosco, de onze anos, a fim de dinamizarmos este rocódromo, mas só funcionará como deve ser, segundo o seu espírito e para que foi destinada a verba, se funcionarmos todo o dia e aos fins de semana”.
“O dinheiro do erário público que foi disponibilizado para o nosso projeto destina-se para a escalada, não fazendo qualquer sentido estarmos impedidos de tirar partido, o máximo possível, destas instalações, em vez de só podermos estar aqui a partir das 18h30, porque assim está a ser desvirtuada a única finalidade que levou os bracarenses a votar que Braga tivesse finalmente um rocódromo, numa era em que a modalidade passou a ser olímpica”, salientou Jorge Martins, esperançado que os autarcas de Gualtar acolham essas sugestões.
“Precisamos do dia inteiro para a prática da escalada, de manhã, de tarde e à noite, porque desde as várias instituições do concelho de Braga, até profissionais da GNR, do Grupo de Busca e Resgate em Montanha do Gerês, há diversas solicitações para treinarem, o que é impossível apenas com horários noturnos”, como acrescentou Jorge Martins a O MINHO.