Associação alerta que Gerês “pode deixar de ser um parque nacional”

Após anúncio da polémica obra na Cascata do Tahiti
Associação alerta que gerês "pode deixar de ser um parque nacional"
O biólogo Nuno Gomes Oliveira, presidente da FAPAS, na Cascata do Tahiti. Foto: Joaquim Gomes / O MINHO

A Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade (FAPAS) advertiu, esta quarta-feira, em comunicado, que o Gerês “pode deixar de ser um parque nacional”, porque “está a ser continuamente degradado com uma totalmente errada lei da cogestão das áreas protegidas”.

O comunicado da FAPAS, intitulado “Quem quer acabar com o Parque Nacional da Peneda-Gerês?”, surge a propósito da polémica à volta da obra prevista para a chamada Cascata do Tahiti, em Terras de Bouro.

“Aguardamos a revogação ou alteração da cogestão do Parque Nacional da Peneda-Gerês, reposicionamento dos autarcas no seu lugar apropriado e nomeação de diretores de áreas protegidas, como prometido no programa deste Governo”, diz a associação ambientalista presidida pelo biólogo Nuno Gomes Oliveira.

A Câmara de Terras de Bouro pretende avançar com a obra invocando a sinistralidade na mais conhecida como a Cascata do Tahiti, mas a FAPAS está contra a obra, referindo que irá “artificializar” a área protegida.

“Segundo as montagens 3D divulgadas pela Câmara Municipal de Terras de Bouro, o que pretendem fazer é transformar um troço de paisagem natural, das mais valiosas do Parque Nacional da Peneda-Gerês, num cenário completamente artificial e de características urbanas, destruir este pedaço do parque na continuação do que já foi feito em outros locais”, alertam os ambientalistas.

“Não teremos outro parque nacional”

“Se perdermos a classificação da Peneda-Gerês, não teremos outro parque nacional em Portugal, com todo o prejuízo que isso significaria para a conservação da natureza e para as economias locais que se desenvolveram muito à custa da marca ‘parque nacional’ e para a história ficarão os nomes daqueles que, em nome de um falso desenvolvimento de um lucro imediato e de um crescimento não sustentável, contribuíram para a delapidação do nosso único parque nacional”, defende a FAPAS.

O comunicado salienta que “a confirmação de um território como parque nacional é feita pela Comissão Mundial de Áreas Protegidas (CMAP), da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) e “assenta”, entre outras premissas, “na proteção da integridade ecológica de um ou mais ecossistemas para as gerações presentes e futuras”.

Ainda segundo a FAPAS, há mais pressupostos para o Gerês, como qualquer outro parque nacional, manter tal estatuto, como “excluir a exploração ou ocupação não ligadas à proteção da área e prover as bases para que todos os visitantes possam fazer uso educacional, lúdico, ou científico de uma forma compatível com a conservação da natureza e dos bens culturais existentes”.

FAPAS aponta mais casos no Gerês

No mesmo comunicado, a FAPAS aponta ainda mais casos no território do Parque Nacional da Peneda-Gerês, que ameaçam a sua integridade, relacionados com as albufeiras, um dos quais do projeto da ‘Central Solar Fotovoltaica Flutuante de Paradela e projeto híbrido associado’, que em 24 de junho foi posto à discussão pública, até 02 de agosto.

“A FAPAS – Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade – vem expressar a sua total discordância, e defende que este projeto deve ser totalmente rejeitado e rejeitado, antes do mais, por se sobrepor parcialmente com a área do Parque Nacional da Peneda-Gerês, com a área da Zona Especial de Conservação (ZEC) Peneda-Gerês e com a Reserva da Biosfera Transfronteiriça Gerês-Xurés e Corredores Ecológicos de Entre Douro e Minho, Gerês e Cabreira”, aponta a FAPAS.

“Afeta ainda consideráveis áreas de RAN (Reserva Agrícola Nacional) e REN (Reserva Ecológica Nacional), sendo que nada justifica a ocupação de uma área protegida, ainda para mais no único parque nacional do país (e não poderemos ter outro) e área classificada pela UNESCO como de Reserva Mundial da Biosfera”, acrescenta o comunicado.

“Mas não é este o único projeto em discussão para as albufeiras do Parque Nacional da Peneda-Gerês, uma vez que desde 10 de julho e até 21 de agosto, está em discussão pública o projeto ‘Central Solar Fotovoltaica Flutuante de Salamonde e projeto híbrido associado’”, conclui a FAPAS.

 
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