O cadáver encontrado em Vigo na quinta-feira poderá ser o de uma mulher desaparecida de Vila Praia de Âncora, há cerca de meio ano, desta localidade do concelho de Caminho, presumivelmente quando percorria um dos caminhos para Santiago de Compostela.
A mulher, cuja identidade ainda não está confirmada oficialmente, foi assassinada com uma facada no coração, há já mais de meio ano, mas só encontraram o cadáver, num descampado do Bairro de Balaídos, uma urbanização situada na cidade de Vigo.
Segundo apurou O MINHO, junto das autoridades policiais galegas ao longo da manhã desta segunda-feira, tudo indica que o cadáver seja o de Isabel da Conceição Ferreira Lima, de 42 anos.
O cadáver estava dentro de uma mala de viagem, tipo trólei, por sua vez envolvido em plástico, tudo indicando já, pelo hábito externo do corpo, que o falecimento foi há cerca de meio ano, através dos dados preliminares da autópsia, realizada em Vigo.
A descoberta foi feita na noite de quinta-feira, por um estafeta, quando sentiu o intenso mau cheiro que emanava de uma mala, tendo alertado as autoridades policiais, que, por sua vez, no interior da mala, depararam-se logo com o cadáver de uma mulher.
Segundo fontes da Polícia Nacional, a mulher estava encontrada seminua e com um pano enrolado na cabeça, encontrando-se mumificada. Tinha um ferimento cortante, de arma branca, na zona do coração, concluindo-se que foi mortalmente esfaqueada.
O estado de decomposição do cadáver não permite aferir, à partida, outros sinais de violência externa no corpo da vítima, cujas caraterísticas apuradas correspondem a Isabel Lima, não havendo conhecimento de outra mulher desaparecida com tais dados.
As perícias médico-legais, já realizadas na Casa Mortuária do Hospital Nicolas Peña, em Vigo, foram inconclusivas, pelo que haverá, entretanto, exames complementares, no Instituto de Medicina Legal da Galiza (IMELGA) em Santiago de Compostela.
No entanto, fontes oficiais da Polícia Nacional, de Pontevedra, já admitiram a hipótese da realização de perícias médico-legais, em Madrid, não, mas também, tendentes para a identificação cabal do cadáver encontrado quinta-feira naquele bairro de Vigo.
Entretanto, sabe-se que a sua irmã, Tânia Lima, se encontrará a caminho de Vigo, para contactar pessoalmente com a Polícia Nacional, naquela cidade da Galiza, admitindo-se que as autoridades recolham o seu ADN para comparação com o do cadáver.
Contactado, o vice-delegado do Governo do Reino de Espanha, em Pontevedra, Abel Losada, limitou-se a afirmar “não poder revelar mais aquilo do que já foi divulgado”.
“É aquilo que sabemos e o que podemos dizer”, disse, mostrando-se “confiante no trabalho da Polícia Nacional”, apelando para “deixar a Polícia Nacional trabalhar” e não havendo mais qualquer informações oficiais.
Desaparecida de Vila Praia de Âncora desde setembro
Isabel Lima desapareceu desta localidade altominhota entre os dias 05 e 07 de setembro de 2023, quando, segundo informações da irmã, Tânia Lima, estaria já a caminho de Santiago de Compostela, em peregrinação pedestre, tendo conhecido um homem.
Sabe-se, no entanto, não ter sido esse mesmo homem quem deu o alerta do desaparecimento de Isabel Lima, mas sim um outro que também a conhecia, que estranhando a sua prolongada ausência, contactou logo com os familiares da mulher desaparecida.
Isabel Lima está diagnosticada com bipolaridade e síndrome ‘borderline’ desde a adolescência, residindo há já algum tempo em Vila Praia de Âncora, sendo que, ainda segundo a irmã, Tânia Lima, quando saiu de casa não levou telemóvel, nem documentos.
Isabel da Conceição Ferreira lima, de 42 anos, era loira e media um 1,56 metros, sendo magra e ostentando tatuagens, designadamente uma tartaruga, uma bússola e uma carpa, sabendo-se que o homem que a acompanhava, caucasiano, usava rastas.
A desaparecida de Vila Praia de Âncora falava muito bem inglês e era muito sociável, dedicando-se, entre outros passatempos, a pintar seixos que encontrava nas praias e que depois vendia, tendo sido pela última vez, em Moledo, com o referido homem.
Os familiares de Isabel Lima participaram o seu desaparecimento no Posto Territorial da GNR de Vila Praia de Âncora, desde os primeiros dias da sua ausência prolongada, mas até agora a mulher nunca foi encontrada em território português ou espanhol.