Às Unidades de Cuidados Intensivos/Intermédios Neonatais: um lugar que dá vida

Opinião de Catherine Pereira, profissional de comunicação

Catherine Pereira
Profissional de Comunicação

Enquanto profissional de comunicação já escrevi muitos textos sobre variados temas. Na verdade, escrever sobre aquilo que nos apaixona e que é a nossa prática diária deve, também, servir como ferramenta potenciadora de enriquecimento do outro, como uma forma de maior aprendizagem, numa partilha contínua de experiências.     

Se é bem verdade que escrever sobre algo que faz parte do nosso dia-a-dia profissional é simples, também é bem verdade que escrevermos sobre um tema que se tornou inesperado é muito mais complicado. Na verdade, é assim que eu vejo este texto: o assinalar de uma data tão importante, o “Dia Mundial da Prematuridade” que, desde 2019, fará para sempre parte da minha vida. 

Novembro é o mês internacional de sensibilização para a causa da prematuridade, sendo a dia 17 que se assinala a consciencialização para os seus cuidados e prevenção. 

Em Portugal, o número de nascimentos prematuros tem vindo a aumentar durante os últimos anos. Falamos de bebés que nascem  antes do tempo e que pela sua fragilidade necessitam, obviamente, de cuidados de saúde especiais. 

Quem não acredita em milagres, é porque nunca entrou numa Unidade de Cuidados Intensivos e Intermédios Neonatais, onde a vida cabe, muitas vezes, na palma da mão, mas num mundo inteiro de amor.  

Quando os filhos nascem antes do tempo, nasce também uma mãe e um pai antes do tempo, sem que a vida os questione se estão preparados, mas questionando-se eles, muitas vezes, se estarão à altura deste desafio. 

Viver a prematuridade é um processo de crescimento pessoal, não apenas porque os pais entram em contacto com uma realidade totalmente diferente, mas principalmente porque se torna possível testemunhar o quanto estes bebés desafiam os seus dias. E é nesta caminhada árdua, mas tão compensadora que é possível observar o crescimento do milagre da vida.

Durante o período de espera para a tão desejada alta hospitalar muitos momentos acontecem e existe sempre ( naturalmente) a tendência de pedir e agradecer-se ao Universo, a Deus ( seja ele qual for), as conquistas de cada dia e a vida que se vê crescer…

Agradeçamos sim, pela força que existe em cada bebé, tão frágeis e tão fortes; agradeçamos sim, ao Universo, a Deus , à vida, mas nunca nos esqueçamos de agradecer aos profissionais de saúde, aqueles que estão horas, dias e anos a trabalhar para salvarem estes bebés, que um dia (sem se estar à espera) podem ser os nossos filhos… 

Às equipas de cuidados intensivos e intermédios neonatais um “muito obrigada” nunca chegará para agradecer o empenho e a dedicação que colocam na vossa prática profissional diária. E para além disto (que já é tanto), ainda têm tempo para falar e ouvir os pais, para apoiar nas horas mais difíceis e mostrar que o foco é na esperança, na fé e na vida. Pensemos nisto e valorizemos o facto de nunca estarmos sozinhos… E viva o SNS!

A todos os pais de filhos prematuros, a todos os filhos prematuros e a todos os profissionais de saúde que salvam estas vidas, esta data é vossa. Guardem-na como um hino ao futuro, onde apenas o amor cabe no peito. 

Como um dia algúem me disse: “ Ter um filho prematuro é o privilégio de o vermos crescer cá fora…”

 
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