Se as paredes falassem contariam, certamente, histórias de vida, memórias de cada pessoa que passou no local e as emoções de um território. Mas, já que não é através das palavras, as estórias surgem através da arte da pintura.
Por estes dias, cinco artistas dedicam-se a pintar quatro fachadas emblemáticas de Arcos de Valdevez. Dão vida às características da terra e das gentes, em murais que se tornam parte integrante da paisagem.
O Murarcos – Festival de Arte Urbana de Arcos de Valdevez regressou ao concelho para a terceira edição e, este ano, traz a alma e o talento de Helen Bur, Jorge Charrua, Manolo Mesa, Mariana Santos, Daniela Guerreiro, e com curadoria de Tiago (Regg) Salgado.

O trabalho de cada artista foi apresentado, oficialmente, ao final da tarde desta quinta-feira, e o objetivo é que a população possa acompanhar o crescimento de cada obra e o processo de construção do autor.

Na fachada do Posto de Turismo começou a nascer, pelas mãos de Manolo Mesa (Espanha) uma homenagem à cerâmica, retratando diversos objetos minhotos, onde os tons da terra e da água sobressaem e se unem.



Das mãos cheias de criatividade, pinceladas pelas cores da obra pintada na parede, irá crescer um mural intenso e que não passa despercebido a quem passa.
Já no Largo da Valeta, está a ser construído um mural dedicado ao histórico café Vieira. Da autoria de Daniela Guerreiro e Mariana Santos (também responsáveis pela produção do Murarcos), a fachada do prédio que alberga a sede da junta de freguesia vai acolher umas mãos simbólicas, representativas de cada ser humano e que simbolizam a união entre todos. Um trabalho de vários andares e que representa a história do local onde está inserido.



Subimos no concelho e paramos na Epralima. Na fachada virada para a rua, já é possível visualizar o trabalho de pintura figurativa de Jorge Charrua. Para o artista, o mural será uma simbiose entre gerações, o antes e o depois da saída da terra que a vida obrigou.


O artista pretende fazer uma junção entre a tradição e a atualidade, onde estará presente um lenço tradicional e uma roupa urbana.
Continuamos a visita e, no último local encontramos Helen Bur (Inglaterra), com um trabalho que se confunde na arte das cores da água, do verde e da liberdade. Na fachada da Escola Básica Professor António de Melo Machado, junto à estrada principal, podemos ver duas mulheres que desfrutam do fresco do rio, numa amizade próxima e representativa do poder feminino.



O Murarcos decorre até dia 29 de junho e, até lá, será possível acompanhar o trabalho de cada um dos artistas, que começam pela manhã e terminam já bem perto do início da noite, criando arte que irá perdurar pelo tempo.
A abertura oficial teve a participação do Movimento Absurda, com uma performance de boas vindas ao Festival.


O evento tem o apoio do Município de Arcos de Valdevez. Para o presidente Olegário Gonçalves, o objetivo é continuar a crescer e expandir o Festival de Arte Urbana às fachadas fora do centro da vila, levando a arte às diversas freguesias do concelho.