As 134 ‘Alminhas’ de Braga, agora em livro

Trabalho da Rusga de S. Vicente e de Aida Mata

O concelho de Braga tem 134 ‘Alminhas’, “pequenos oratórios que se levantam ao ar livre em honra da almas dos mortos, cada um deles abrigando um painel com a representação do Purgatório”.

O seu inventário consta do livro “Nichos de Alminhas do concelho de Braga”, da autoria de José Ribeiro Pinto, da associação Rusga de S. Vicente, de Braga, e da historiadora e conservadora Aida Mata – antiga diretora do Mosteiro de Tibães e que coordenou científicamente a pesquisa – e que, ontem, foi apresentado na 3.ª edição das “Conferências Rusgueiras – Arco Cultural/25”, no Palácio do Raio, em Braga.

Rusga de S. Vicente. Foto: DR

“Considerada a importância desta publicação para a preservação do legado cultural bracarense, parabenizo a coordenadora do projeto, Aida Mata e a Rusga de S. Vicente por continuarem este trabalho de defesa e salvaguarda do património local, numa Capital de Cultura que se materializa no apoio às forças vivas do nosso Concelho”, escreveu o presidente da Câmara, Ricardo Rio, no introito à obra.

Já na apresentação do livro, o arqueólogo Luís Fontes salientou que, para além das 134 alminhas espalhadas por caminhos, ruas, estradas ou locais de montanha das 62 freguesias do concelho, há muitos outras, não inventariadas no livro, no interior de igrejas e de outros locais de culto, como capelas de casas senhoriais.

Luís Fontes e José Pinto. Foto: DR

“Os nichos das alminhas são um património imóvel que importa preservar, mas o mesmo sucede com a sua vertente imaterial traduzida no culto dos fiéis existente sobretudo no território da antiga província de Entre-Douro-e-Minho”, salientou.

Percorreram centenas de quilómetros 

O arqueólogo vincou que os dois autores percorreram centenas de quilómetros em buscas das Alminhas, tendo-o feito, no caso de alguns nichos, duas ou três vezes: “temos aqui o registo do nome dado a cada uma, a localização exata, a data de criação e a propriedade, bem como a correspondente ilustração fotográfica”, sublinhou.

Acrescentou que, foi, ainda, consultada a bibliografia existente sobre o tema e ouvidos os vizinhos dos locais onde estão implantados, bem como as respetivas paróquias.

O livro refere que o culto das almas remonta a 1274, quando o II Concílio de Lião da Igreja Católica afirmou a existência do Purgatório e a eficácia dos sufrágios pelas almas, e é revigorado com a Contra Reforma e o Concílio de Trento, quando o tema do Purgatório adquiriu uma importância que o tema até aí nunca tivera”.

Em Portugal, as primeiras figurações artísticas aparecem em finais de quinhentos com iconografia semelhante à de todo o mundo católico.

303 páginas e centenas de fotos

A edição do livro, com 303 páginas e centenas de fotografias, só foi possível com os apoios mecenáticos do DST Group e da Santa Casa da Misericórdia de Braga, bem como dos apoios institucionais do Município, da Junta de Freguesia de S. Vicente e da Fundação Inatel.

Foto: DR

A equipa que materializou o projeto contou, ainda, com o trabalho, em termos de textos, além de Aida Mata, de Alexandra Esteves e Paulo Abreu. No trabalho de campo, ainda, José Ribeiro Pinto e Judite Dias. Já as fotografias são de António Mendes, Carlos Barros, Carlos Teixeira, José Firmino e José Ribeiro Pinto. O design é de Rodrigo Madeira.

O livro, que foi produzido editorialmente pela Tradisom Produções Culturais com impressão de mil exemplares, L.da, custa 40 euros, preço que a Rusga diz que se justifica, dado o seu elevado custo, e o facto de ser uma obra cuidada em termos de capa e de escolha de papel e de ser profusamente ilustrada com fotos e desenhos das Alminhas.

 
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