Os armadores, que esta manhã de sexta-feira bloquearam o navio que está a instalar o cabo submarino que ligará o parque eólico flutuante à rede instalada em Viana do Castelo, desmobilizaram cerca das 14:45, disse à Lusa o comandante da capitania.
Sameiro Matias adiantou que as embarcações de pesca costeira desmobilizaram e regressaram a terra, tendo o navio prosseguido os trabalhos.
Na origem desta contestação está a exigência de compensação pelos prejuízos causados pela interdição da pesca na envolvente desta empreitada.
Também em declarações à Lusa, o porta-voz dos armadores da pesca costeira, João Pacheco, explicou terem decidido desmobilizar porque reuniram com o presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo e expuseram as suas reivindicações.
“O problema está a ser resolvido, que era o que nós queríamos”, frisou.
Falando num “pré-acordo”, João Pacheco revelou que nos próximos dias será feita uma reunião entre armadores, secretário de Estado das Pescas e responsáveis da REN para discutir o assunto em questão.
E, só aí, contou, é que o acordo vai ficar definido, acrescentando ainda não haver data para a realização dessa reunião.
João Pacheco esclareceu que o objetivo era mesmo esse, poderem sentar-se à mesa e exporem o seu ponto de vista.
Em causa está o Windfloat Atlantic(WFA), um projeto de uma central eólica ‘offshore’ (no mar), em Viana do Castelo, orçado em 125 milhões de euros, coordenado pela EDP, através da EDP Renováveis, e que integra o parceiro tecnológico Principle Power, a Repsol, a capital de risco Portugal Ventures e a metalúrgica A. Silva Matos.
Os armadores de pesca costeira e pesca local foram indemnizados pelos prejuízos causados pela instalação do parque eólico, mas apenas a pesca local recebeu a garantia de que seria indemnizada pela instalação do cabo submarino que vai ligar o parque eólico flutuante à rede, instalada no território daquele concelho do Alto Minho.
Aquelas embarcações reclamam a atribuição de uma compensação pelos prejuízos causados pela interdição da pesca na envolvente (0,5 quilómetros de cada lado) do cabo submarino, com cerca de 17 quilómetros de extensão.
Para as embarcações de pesca costeira, a Windplus, titular da Utilização do Espaço Marítimo Nacional, negociou uma compensação aos 16 armadores potencialmente afetados pela instalação do parque.
A 19 de agosto, o presidente da Câmara de Viana do Castelo informou ter sido também decidida uma compensação financeira de meio milhão de euros às 28 embarcações de pesca local diretamente afetadas pela instalação do parque eólico ao largo do concelho.
O socialista José Maria Costa explicou, na ocasião, que dos 500 mil euros, 400 vão ser suportados pela Rede Elétrica Nacional (REN) e os restantes 100 mil euros pela EDP renováveis.
As três turbinas que compõem o parque eólico serão montadas em plataformas flutuantes ancoradas no leito do mar e terão no seu conjunto uma capacidade instalada de 25 MW (megawatts), o equivalente à energia consumida por 60.000 habitações por ano.