O arquiteto Jorge Carvalho, responsável pela Estratégia Executória e pelos Estudos Urbanísticos para o futuro parque ecomonumental das Sete Fontes disse, hoje, em Braga que “o estudo urbanístico preliminar pretende tirar partido da dimensão patrimonial existente e do excecional enquadramento paisagístico”. Outro dos objetivos é o de “atenuar o efeito negativo da atual rede viária e qualificar a ocupação existente”.
Em particular, disse, estabelece “os limites entre o que se considera vir a ser a área verde e a área edificável; a estrutura viária e circulatória da área edificável e a localização dos polos vivenciais que integrarão (alargamento de espaço público, equipamentos, funções terciárias e de restauração)”.
“Pretende-se que tais polos constituam locais de encontro dos residentes e, também, futuras entradas no Ecoparque”, acrescentou, salientando que, com a alteração do Plano Diretor Municipal, associada à elaboração de um Plano de Urbanização para as Sete Fontes, e com a elaboração do projeto, “ficam asseguradas as bases para a concretização do Ecoparque”.
Plano de execução
Os estudos Hidrogeológicos, Arqueológicos, Urbanísticos e Paisagísticos, tendo em vista a salvaguarda e execução do Parque foram apresentados esta manhã, numa sessão pública que contoucom a presença do vereador do Urbanismo, Miguel Bandeira, do vice-presidente Firmino Marques e da equipa técnica do projeto: Paulo Ramísio, Luis Fontes, Jorge Carvalho, Frederico Moura e Sá, Teresa Andresen, António Moreira e Luís Guedes de Carvalho.
Na ocasião, Miguel Bandeira disse que a criação do Ecoparque implica a qualificação e reabilitação da envolvente urbana, desde logo a proteção ambiental ao próprio monumento, em particular a relação
pedonal com a cidade e equipamentos próximos, como o Hospital e a Universidade do Minho.
Estudos Paisagísticos
Já Teresa Andresen, responsável pelos Estudos Paisagísticos, referiu que o programa procura “manter uma visão abrangente com vista à preservação da imagem de um sistema naturalizado do lugar, através de um desenho que facilite a apropriação dos sistemas naturais, sem esquecer a dimensão social-recreativa que se pretende instalar”.
Assim, contempla um conjunto de portas de acesso nos limites urbanos, por forma a assegurar um acesso franco.
Para a ligação entre as entradas e a circulação, “prevê uma rede de acessos longitudinais ao Monumento, que se adaptam ao terreno, de um lado e do outro do vale, sempre que possível coincidentes com caminhos
pré-existentes”. A rede é complementada por caminhos transversais, unindo os dois lados do vale.
Outro elemento-chave é “o aproveitamento das áreas de mata, com ações de recuperação e melhoramento. Permitindo o desporto informal, merendas, e eventos recreativos”.
Os elementos construídos são integrados no programa para assegurar instalações de apoio à gestão e manutenção do parque, instalações sanitárias e pequenos espaços de restauração.
Estudos Arqueológicos
Os trabalhos arqueológicos confirmaram a existência de importantes vestígios da época romana, suevo-visigótica, medieval, moderna e contemporânea, constituindo um testemunho raro em Portugal.
Paulo Ramísio, da Universidade do Minho salientou que, “grande parte da área que se encontra para além da definida Zona Especial de Proteção é de natureza urbana consolidada, o que limita a natureza das medidas que podem ser consideradas”.
No entanto, “será possível implementar medidas que aumentem as áreas permeáveis, a criação de sistemas de regularização de escorrências superficiais, a melhoria do desempenho das redes de drenagem de águas superficiais e a eliminação de fontes de contaminação”.
O especialista sugere ainda que “as medidas de acompanhamento sejam integradas no centro de interpretação, a criar”. “Este centro pode constituir-se como um local onde se apresente o funcionamento de uma notável obra de engenharia hidráulica e arquitetura, mas também soluções de drenagem sustentáveis, também como exemplo das obras de regeneração a implementar nas cidades do futuro”, sustenta.
Hidrogeologia
Já os estudos hidrogeológicos, coordenados pelo arqueólogo Luís Fontes, permitiram estabelecer a sequência evolutiva do sistema de captação de água, confirmando-se a sua origem em época romana, o seu reforço em época medieval e a sua plena consolidação no decurso do século XVIII.
“O troço mais extenso da conduta principal corresponde à parte mais antiga do sistema, mas os dados das escavações arqueológicas e da análise documental apenas permitem propor uma cronologia relativa balizada entre os séculos IV e XIV”.