Após ameaças, Junta de Soajo desiste da ideia de criar passadiço junto ao Poço Negro

Ambiente

Era uma ideia “forte” do executivo da Junta de Freguesia de Soajo, em Arcos de Valdevez, mas já não será aplicada ao terreno. A construção de cerca de 1,5 quilómetros de passadiços e de um “pontilhão” junto ao Poço Negro, no rio Adrão, poderia beneficiar os menos ágeis e promover o turismo mais familiar, mas ameaças de “deitar fogo” e ‘negas’ de proprietários de terrenos acabaram por atirar a ideia para a ‘gaveta’.

Ao que apurou O MINHO, o objetivo inicial passava pela construção de uma passagem sobre o rio Aldrão, afluente do Lima, que permitisse às pessoas com maior dificuldade de locomoção a possibilidade de desfrutar das ‘piscinas naturais’, como é o caso do Poço Negro, um dos locais de veraneio na montanha mais conhecidos junto ao Parque Nacional da Peneda-Gerês.

Lagoa do rio Adrão em Soajo. Foto: Wikicommons

Outra das ideias da Junta passava pela colocação de 1,5 quilómetros de passadiços naquele local, de forma a facilitar o acesso não só ao Poço Negro, mas como a outras ‘poças’ naturais formadas por aquele rio, assim como outras cascatas situadas a nascente.

No entanto, o presidente da Junta de Soajo, Manuel Costa (PSD), garantiu a O MINHO que ambas as ideias “caíram”, por motivos distintos. “Todos os melhoramentos são benéficos, mas posso dizer achámos melhor não levar a cabo a construção nem de um, nem de outro”, adiantou o autarca.

O cancelamento do “pontilhão” sobre o Poço Negro surge depois de alegadas ameaças levadas a cabo por alguns jovens da freguesia, de que “deitavam fogo” a tudo o que fosse lá construído. “O pontilhão era a pensar nos mais idosos, que também querem atravessar para o outro lado do Poço Negro, mas os jovens só pensam neles”, lamenta o autarca.

Na passada semana, foram deixadas tarjas junto ao Poço Negro onde se podia notar a insatisfação de populares relativamente à construção da passagem.

Foto: DR
Foto: DR

“Disseram-me que ameaçaram deitar fogo aquilo e para não nos chatearmos, decidimos abandonar. É que dizem por ai: ai o povo não quer os passadiços, mas eu pergunto: qual povo, se nem sequer houve referendo nem nada”, conta. “Decidimos melhorar as escadarias de acesso, mas o resto está fora de questão”, afirmou Manuel Costa.

Em relação ao passadiço, aponta “problemas com proprietários” dos terrenos onde este iria atravessar, pelo que a Junta resolveu “não avançar”, lamentando que o dinheiro para o projeto agora será aplicado noutra freguesia do concelho.

No entanto, o autarca salienta que a Junta pretende conservar os trilhos naturais existentes e que isso será sempre bom para os turistas, embora volte a lamentar que “os mais idosos” são esquecidos.

 
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