Era uma ideia “forte” do executivo da Junta de Freguesia de Soajo, em Arcos de Valdevez, mas já não será aplicada ao terreno. A construção de cerca de 1,5 quilómetros de passadiços e de um “pontilhão” junto ao Poço Negro, no rio Adrão, poderia beneficiar os menos ágeis e promover o turismo mais familiar, mas ameaças de “deitar fogo” e ‘negas’ de proprietários de terrenos acabaram por atirar a ideia para a ‘gaveta’.
Ao que apurou O MINHO, o objetivo inicial passava pela construção de uma passagem sobre o rio Aldrão, afluente do Lima, que permitisse às pessoas com maior dificuldade de locomoção a possibilidade de desfrutar das ‘piscinas naturais’, como é o caso do Poço Negro, um dos locais de veraneio na montanha mais conhecidos junto ao Parque Nacional da Peneda-Gerês.

Outra das ideias da Junta passava pela colocação de 1,5 quilómetros de passadiços naquele local, de forma a facilitar o acesso não só ao Poço Negro, mas como a outras ‘poças’ naturais formadas por aquele rio, assim como outras cascatas situadas a nascente.
No entanto, o presidente da Junta de Soajo, Manuel Costa (PSD), garantiu a O MINHO que ambas as ideias “caíram”, por motivos distintos. “Todos os melhoramentos são benéficos, mas posso dizer achámos melhor não levar a cabo a construção nem de um, nem de outro”, adiantou o autarca.
O cancelamento do “pontilhão” sobre o Poço Negro surge depois de alegadas ameaças levadas a cabo por alguns jovens da freguesia, de que “deitavam fogo” a tudo o que fosse lá construído. “O pontilhão era a pensar nos mais idosos, que também querem atravessar para o outro lado do Poço Negro, mas os jovens só pensam neles”, lamenta o autarca.
Na passada semana, foram deixadas tarjas junto ao Poço Negro onde se podia notar a insatisfação de populares relativamente à construção da passagem.


“Disseram-me que ameaçaram deitar fogo aquilo e para não nos chatearmos, decidimos abandonar. É que dizem por ai: ai o povo não quer os passadiços, mas eu pergunto: qual povo, se nem sequer houve referendo nem nada”, conta. “Decidimos melhorar as escadarias de acesso, mas o resto está fora de questão”, afirmou Manuel Costa.
Em relação ao passadiço, aponta “problemas com proprietários” dos terrenos onde este iria atravessar, pelo que a Junta resolveu “não avançar”, lamentando que o dinheiro para o projeto agora será aplicado noutra freguesia do concelho.
No entanto, o autarca salienta que a Junta pretende conservar os trilhos naturais existentes e que isso será sempre bom para os turistas, embora volte a lamentar que “os mais idosos” são esquecidos.