Jorge Maia, Domingos Costa e Carlos Nunes compõe a tripla mais temida pela vespa velutina no Norte do concelho de Vila Verde. Juntos, eliminaram perto de 300 vespas fundadoras durante a primavera e início de verão, sobretudo com recurso a armadilhas que espalharam em diferentes pontos da freguesia de Aboim da Nóbrega e Gondomar.
A conclusão a que se chega é a de que, para combater a praga da vespa velutina, vulgo ‘asiática’, que ocorre durante o verão, é preciso meter mãos à obra também na primavera, e exterminar o máximo possível de insectos fundadores.
Para isso, utilizam uma mistura feita à base de adoçante ao qual chamam de “atrativo”. A mistura é colocada dentro de garrafas de plástico adaptadas para o efeito, de forma a que o insecto entre e não consiga sair. E são muitas as vespas que lá vão cair. No entanto, também capturam vespas nativas, como a Crabro, mas consideram como dano colateral, até porque por cada vespa nativa, são capturadas dezenas de asiáticas.



Cada vespa fundadora pode dar origem a um ninho secundário que pode comportar até perto de cinco mil vespas. É certo que muitas fundadoras lutam entre si ou morrem naturalmente, mas grande parte delas origina mesmo um ninho desses. Contas feitas a fundadoras eliminadas, e com o potencial de criação de até cinco mil vespas por cada fundadora, pode-se dizer que foram evitadas até centenas de milhares de velutinas a deambular naquela freguesia.
Aboim sem vespeiros
Agora, com o início do verão, vão aparecendo alguns desses ninhos maiores, mas os apicultores continuam o trabalho, conforme adiantou a O MINHO Domingos Costa. “Ontem (terça-feira) eliminámos quatro ninhos secundários. Neste momento, não há mais nenhum identificado nesta zona”, indicou o apicultor e também zelador do Parque de Campismo e Caravanismo Rural de Aboim da Nóbrega.


“Posso afiançar que se nota uma diminuição de cerca de 70% em relação a outros anos, e a isso se deve a grande quantidade de armadilhas que foram colocadas durante a primavera”, afirma Costa, recordando que todo este serviço é feito “a custo zero” e com o biocida que utilizam para eliminar as vespas a ser suportado pelos próprios.
A alguns quilómetros, em Touvedo, no concelho de Ponte da Barca, outro apicultor queixa-se dos ataques, numa zona onde não foram colocadas tantas armadilhas. Carlos Peixoto tem ali enxames de abelhas que estão a ser atacados nas colmeias e ao redor. No entanto, as que possui na aldeia de Gondomar, abrangida pela ação de Vila Verde durante primavera, não foi tão afetada, uma vez que o próprio também colocou armadilhas em conjunto com os restantes apicultores.

“Porque não prevenir em vez de remediar?”, questiona Domingos Costa, considerando que é preciso existir maior proatividade em relação à proteção civil durante a primavera, ou que o próprio Governo deveria incentivar mais à captura de ninhos primários e de vespas fundadores do que já tardiamente, quando vão incinerar os vespeiros ‘gigantes’.
Em Barcelos, as vespas acordaram mais tarde
Em Barcelos, também há um trio que as asiáticas mais temem. O presidente da Junta de Aguiar e Quintiães, António Pereira, em conjunto com dois apicultores, Domingos Aquino e Pedro Aquino, que residem naquela união de freguesias, também eliminaram fundadoras na primavera através do uso de armadilhas caseiras.
Foram retirando os vespeiros primários que encontravam e agora dedicam-se também à eliminação dos ‘ninhos’ secundários, já com milhares de vespas prontas a atacar.
A O MINHO, o autarca salienta que, na primavera, não foram assim tantas as vespas capturadas, como em Vila Verde, mas que nas últimas semanas tem sido um ‘festim’ nas garrafas onde se encontram o atrativo, e onde as vespas ficam enclausuradas. No entanto, já não são fundadoras, apenas obreiras.


“Estão a aparecer agora vários ninhos, só hoje já eliminámos dois secundários, dos grandes. Na segunda-feira eliminamos um primário, mas a fundadora não estava lá dentro, foi capturada numa das nossas armadilhas”, disse.
Apesar de não ter tido a mesma ‘sorte’ que os colegas de Vila Verde, António Pereira recomenda a todos que coloquem as armadilhas na primavera e no início do verão, de forma a evitar ao máximo a propagação da praga que dizima colmeias inteiras e coloca em risco a saúde pública.

Este inseto invasor chegou a Portugal em 2011, ao que tudo indica, proveniente de um navio de carga, onde terá entrado de forma clandestina.
Até 2015, a praga ficou confinada aos distritos do Norte de Portugal, mas tem-se espalhado por todo o país, sendo já considerada uma praga invasora pelas entidades governamentais, que apoiam financeiramente as Câmaras Municipais por cada vespeiro destruído.