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Braga

Aos 65 anos, papa maratonas de Braga vai desafiar os 20.500 degraus da Muralha da China

Antony Gonçalves, ‘senhor mil quilómetros’, regressa, a 18 de maio, às maratonas 18 anos depois. Em 2001, correu, em Budapeste, a última de 24. “O vício de correr” começou após uma depressão

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Fotos: Facebook

Chegar ao fim. É o único objectivo que Antony Gonçalves tem nas vésperas de participar na Great Wall Marathon, disputada na China e que termina nos cerca de 20500 degraus da muralha mais famosa do Mundo.

“Ninguém é grande sem subir à Muralha”, diz o ditado chinês.

O ‘senhor mil quilómetros’ regressa, a 18 de maio, às maratonas 18 anos depois. Em 2001, correu, em Budapeste, a última de 24 maratonas a que se tinha proposto: “o meu objectivo era correr mil quilómetros à volta do mundo, em 24 maratonas, sem desistir e abaixo das três horas”.

Notícia “Diário do Minho” (Arquivo). Foto: Facebook de Antony Gonçalves

Agora aos 65 anos, entra numa verdadeira aventura: “com a minha idade já não me devia meter numa coisa destas”, conta a O MINHO. Desde janeiro, anda em treinos intensivos a correr mais de 100 quilómetros por semana e a subir tudo quanto é escadas.

Foto: Facebook de Antony Gonçalves

Há três semanas desacelerou os treinos e uma pequena lesão surgiu: “espero que não seja impeditiva da minha participação. Estou a tratar dela mas se não for este ano, para o ano lá estou outra vez”.

Treina sozinho porque “é difícil encontrar pessoas que façam maratonas e andem ao meu ritmo. Não posso correr a caracol nem a chita. Tem que ser mais tipo cavalo”.

Para a Great Wall, os objectivos são bem diferentes: “acabar dentro do tempo limite que são oito horas. O primeiro classificado deve chegar entre as 3:15 e as 3:30”. As estatísticas dizem que a grande maioria dos que termina acaba entre as 7:00 e as 7:30. 20% a 30% desiste.

Antony Gonçalves espera terminar dentro do tempo estabelecido.

Depressão

“O vício de correr” como lhe chama o bracarense começou depois de lhe ser diagnosticada uma depressão. “Era músico, fumava os meus e os cigarros dos outros e chegava a beber duas garrafas de whisky por semana”.

Foi o médico, “numa altura em que a doença não era conhecida nem tão exposta”, que lhe aconselhou a prática de desporto. Um clube de atletismo pertencente aos irmãos Castro oferecia fato de treino, saco e sapatilhas a quem andasse por lá. Antony apareceu e os primeiros quatrocentos metros que correu “pareceram-me quilómetros”.

A verdade é que os treinos no estádio Primeiro de Maio começaram a surtir efeito. Ganha, então, o material desportivo prometido. Correu a primeira meia-maratona no Porto e nunca mais parou.

Bosch

Alguns anos depois, já trabalhador na Bosch, Antony propôs à empresa fazer mil quilómetros em 24 maratonas. A empresa acrescentou: “sem desistir e abaixo das três horas”. O objectivo foi superado, a última foi corrida em 2001, em Budapeste, mas com muitas peripécias pelo meio.

Foto: Facebook de Antony Gonçalves

Em Toronto ficou retido no aeroporto: “como havia um surto migratório muito grande queriam saber o que estava ali a fazer. Expliquei-lhes que ia participar na maratona e pediram-me provas, nomeadamente, da estadia. Precisamente a única coisa que não tinha conseguido porque estava tudo esgotado. Através de um conhecido consegui uma rulote que ficou junto à meta”.

Mas os serviços do aeroporto só o libertaram quando mostrou o dorsal e tiraram fotocópias às notícias da sua participação que levava de Portugal.

Foto: Facebook de Antony Gonçalves

Em Amsterdão uma lesão quase o fazia desistir. Mas depois de parar e recuperar forças conseguiu acabar a prova. E ainda ficou em primeiro na categoria de Veteranos. Com os florins ganhos comprou uma televisão e uma aparelhagem últimos modelos.

Santiago de Compostela, 1980. Foto: Facebook de Antony Gonçalves

Em Belfast foi a cerveja Guiness que ia dando cabo da prova. “Tive uma ‘dor de burro’ provocada pela cerveja que tinha ingerido nos dias anteriores”. Em Oslo, a peripécia mete Isostar.

“Cheguei a Oslo e em frente ao hotel havia uma feira maratonista com quase tudo. Numa das tendas, havia Isostar de borla. Trouxe duas paletes e como era uma bebida energética fui bebendo. Senti-me mal na prova, fiquei em quarto e estava a ver que era desta que não cumpria os objectivos”.

Agora segue-se o próximo capítulo: os 42 quilómetros na China que terminam após a subida de 20 500 escadas da Grande Muralha.

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