Vêm de diferentes locais e ambientes, mas há algo que sempre os unirá. O trabalho elaborado com madeira em centenas de embarcações que lhes passaram pelas mãos nos antigos Estaleiros Navais de Viana do Castelo.
Uns carpinteiros, com “o trabalho mais bruto” de criar as estruturas mais grossas, trabalhar com tábuas e “tapar paredes”. Os marceneiros mais delicados, virados para os “detalhes” e para a montagem das estruturas nos locais próprios. Em comum, têm também a premissa de que se trata de um trabalho “árduo mas honesto”.
Na sexta-feira, no restaurante Castrejos, em Viana, os doze amigos reuniram-se, como fazem anualmente desde 2012, mas desta vez com muito para conversar, face aos dois anos de ‘abstinência’ por causa da pandemia.
O último do grupo que ainda exercia profissão reformou-se “há meses”. A maior parte decidiu entrar na reforma em 2014, quando os estaleiros foram subconcessionados à empresa West Sea, Estaleiros Navais Lda.
“Trabalhar lá era uma maravilha. No ano de 1975/76, foi considerada a melhor empresa para trabalhar em Portugal. Era muito bom”, recorda a O MINHO um dos elementos do grupo, que se manteve no anonimato.
O porta-voz referenciou um dos elementos para mostrar a antiguidade que se encontra no grupo: “Temos um colega de 93 anos, que veio de Braga trabalhar logo no início da abertura dos estaleiros [julho de 1944], veja lá, esse e outros que já faleceram, quantos barcos não lhes passaram”. Portanto, ainda a II Guerra Mundial decorria quando este homem começou a trabalhar nos estaleiros.
Fundados em julho de 1944, os Estaleiros Navais de Viana do Castelo foram subconcessionados a uma empresa privada em 2014, depois de lhes ter sido apontado prejuízo nas contas em diversos anos sucessivos.
Atualmente, tem construído várias embarcações, com destaque para os navios cruzeiro polares de Mário Ferreira, da gama World Explorer, em contrato que assegura trabalho contínuo para aqueles estaleiros até, pelo menos, 2026.