O presidente da Câmara de Paredes de Coura disse que o antigo sanatório, hoje vendido em hasta pública, terá como destino a exploração turística, que considerou “determinante” para o desenvolvimento do setor no concelho.
“Todos os contactos até à data visam a exploração turística do imóvel (…). Pelas características do edifício, o contexto e a paisagem onde está inserido, tudo indica que será um projeto ligado ao turismo”, afirmou à agência Lusa Vítor Paulo Pereira.
O antigo sanatório foi vendido a um “investidor local, que pediu anonimato, por 582.490 euros” na primeira hasta pública descentralizada para a venda de edifícios do Estado, que decorreu na Câmara Municipal de Paredes de Coura e que rendeu mais de 1,6 milhões de euros.
O antigo sanatório “Presidente Carmona”, inaugurado em 1934, foi reconvertido, 70 anos depois, em hospital psiquiátrico, quando chegou a ter em permanência cerca de 60 pacientes.
A desativação do espaço aconteceu em 2002.
Para Vítor Paulo Pereira, hoje foi um “dia histórico” para Paredes de Coura, não apenas pela venda de um imóvel que se encontrava “abandonado”, mas também pela possibilidade de o imóvel ser transformado numa “infraestrutura turística capaz de suportar uma estratégia mais ambiciosa” para o concelho do distrito de Viana do Castelo.
“Paredes de Coura não tem nenhuma estrutura hoteleira capaz de suportar uma estratégia mais ambiciosa e mais global (…). Há um desfasamento entre a estratégica cultural e de eventos que promovemos, e que é reconhecida por todos, e dificuldade no alojamento das pessoas”, sublinhou.
O autarca socialista disse que, “apesar da rede de casas de turismo de habitação existente dar apoio aos visitantes”, o concelho “não dispõe de estrutura concentrada”.
“Se, como tudo indica, for um projeto turístico, será determinante e importante no desenvolvimento da estratégia de turismo que temos para ao território”, frisou.
Vítor Paulo Pereira disse que a venda daquele imóvel pôs fim “a longa viagem, a uma autêntica odisseia”.
“Ao fim de vários anos de luta, hoje chegamos a bom porto”, sublinhou.
O subdiretor geral do Tesouro e Finanças, Miguel Marques Santos, que presidiu à sessão, sublinhou tratar-se da primeira hasta pública descentralizada para a venda de edifícios do Estado realizada fora de Lisboa e, dos oito imóveis vendidos, destacou o do antigo sanatório.
“É um imóvel com relevância do ponto de vista patrimonial e cultural. Era importante a sua reabilitação seja para que fim for”, sustentou, adiantando que o “promotor local” que o adquiriu pretende transformá-lo em empreendimento turístico.
Desativado em 2002, o edifício encontrava-se ao abandono. Em 2008, o então Centro Hospitalar do Alto Minho (CHAM) e atual Unidade Local de Saúde do Alto Minho (ULSAM), proprietário do edifício, anunciou a intenção de o vender, numa altura em que um grupo espanhol demonstrou interesse em transformar a área, com 140 hectares, num campo de golfe de montanha.
O investimento deveria rondar os 50 milhões de euros, mas a hipótese nunca se concretizou, em parte – diz a Câmara – devido à indefinição sobre a tutela do edifício, processo que envolvia os ministérios da Saúde e das Finanças.
Depois de ter sido assaltado várias vezes e local de criação de animais, o ex-sanatório de Mozelos chegou a ser utilizado por grupos de jovens para a prática de jogos de aventura e descoberta, por entre o que ainda restava do antigo espaço de tratamento de doentes.