Seca agrava no Minho e fevereiro deve continuar sem grandes chuvas. São as considerações do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) para as projeções a curto e a longo prazo para as próximas semanas. A culpa? É do bloqueio causado pelo estado estacionário do anticiclone dos Açores à mesma latitude de Portugal Continental.
Contudo, é esperada alguma chuva nos últimos dias desta semana, entre quinta e sexta-feira, mas a queda será residual e está longe de poder resolver os problemas da seca nos campos e até das barragens, como é o caso do Alto Lindoso e de Touvedo. Servirá “para molhar” e pouco mais.
Vanda Pires, meteorologista do IPMA, salientou a O MINHO que a região Norte “teve um agravamento grande da situação de seca, com valores de precipitação muito abaixo do esperado”. E a tendência é para continuar assim.
“Não estamos a prever valores elevados de precipitação nos próximos dias, embora haja uma probabilidade de ocorrência entre os dias de 3 e 4 fevereiro, mas é residual e não irá diminuir o agravamento da seca”, revelou.
A longo prazo – embora sejam prognósticos mais complicados de se fazer, pois a qualquer momento pode surgir uma depressão ou uma frente que traga chuva -, também não é esperada precipitação abundante, pelo menos até meio de fevereiro.
No entanto, e conforme os dias vão avançando, as projeções vão-se confirmando. E em relação ao prazo mensal, ou seja, até final do mês, as projeções também são claras: Nada de chuva. Mas com a ressalva anterior de que possa existir uma surpresa conforme os dias vão passando.
#Fevereiro #Seca2022
❌Continuamos sem novidades, não se vê gota de água no presente mês e como já vos adiantamos, os mapas de março são igualmente maus.
Enfim😔, sobram as palavras face ao que estamos a passar, #poupeÁgua. pic.twitter.com/JnMs5hQl4h— Meteo Trás-os-Montes – Portugal (@MeteoTrasMontPT) February 5, 2022
A culpa é do anticiclone
Questionada pelo nosso jornal acerca dos motivos da falta de chuva no nosso território (e na Galiza), Vanda Soares explica que existe uma situação de bloqueio das depressões e superfícies frontais por parte do anticiclone, que se tem vindo a estender na nossa latitude.
“Tipicamente, o anticiclone [dos Açores] está em latitudes mais baixas do que a nossa, e permite a passagem das depressões e das superfícies frontais que chegam ao nosso território, mas neste momento encontra-se precisamente nas nossas latitudes, e a esta situação chamámos de bloqueio, porque fica aqui em forma estacionária e bloqueia as frentes que chegam do Norte da Europa”, explicou.
Temperaturas vão manter-se
Outra situação anómala para esta altura são as temperaturas máximas registadas no país, sobretudo no Minho, com várias cidades a passarem os 20 graus Celsius de máxima durante o mês de janeiro.
Vanda Pires salienta que, nos próximos dias, as temperaturas “vão andar mais ou menos como têm estado”, com a máxima acima do normal. “Posso dizer que no mês de janeiro tivemos temperaturas máximas das mais altas alguma vez registadas nesse período, mas a mínima tem estado baixa, por isso existe uma grande amplitude entre dia e noite”, adiantou.
A meteorologista refere ainda que é esperada uma ligeira descida da temperatura máxima durante esta semana, mas que regressará aos mesmos valores já perto do fim de semana.
Governo manda reduzir produção nas barragens de Touvedo e Alto Lindoso
O ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Matos Fernandes, anunciou hoje que as barragens de Alto Lindoso e de Touvedo, em Ponte da Barca, apenas vão poder produzir energia duas horas por semana, face aos baixos níveis de água armazenada em ambas as albufeiras.
No Alto Lindoso, os níveis chegaram a estar em 12%, mas, salientou o ministro, já aumentaram em 3% desde que foi pedido à EDP para abrandar com a produção.