O octogenário que morreu esmagado ao princípio desta noite de sexta-feira, na freguesia de Ferreiros, em Amares, quando desabou a sua moradia, devido a um incêndio, estava sinalizado pela Segurança Social, mas terá resistido sempre a sair da situação de miséria.
Ernesto da Silva Correia, de 84 anos, solteiro, pereceu na sequência do incêndio, iniciado cerca das 19 horas de ontem, tendo sido já encontrado pelos Bombeiros Voluntários de Amares sem vida, depois de uma segunda busca mais pormenorizada entre os escombros.
De acordo com depoimentos de diversos vizinhos, contactados esta manhã de sábado por O MINHO, na localidade de Vasconcelos, em Ferreiros, Amares, “o senhor Ernesto não confiava em ninguém, nunca deixava que entrassem em sua casa e resistia a quem o queria ajudar, nem nos familiares confiava, ele guardava o dinheiro em casa, nunca nos bancos”.
Recentemente, Ernesto da Silva Correia feriu-se na Praça do Comércio, no centro da vila de Amares, mas apesar de não ser nada grave, foi conduzido por precaução ao Hospital de Braga, tendo consigo, nessa ocasião, três maços de notas com mais de dois mil euros.
O presidente da Junta de Freguesia de Ferreiros, Paulo Gomes, confirmou a O MINHO “a situação de isolamento do senhor Ernesto, que sendo um bom homem, não permitia o acesso à sua casa, mesmo quando pretendíamos limpar-lhe a casa, atulhada com roupas”.
Enquanto se aguarda a autópsia no Gabinete Médico-Legal do Cávado, em Braga, estão a ser feitos esforços no sentido de contactar os familiares de Ernesto da Silva Correia, um dos quais, sendo natural de Monsul, na Póvoa de Lanhoso, está emigrado em França, tal como sucedeu com a própria vítima e que naquele mesmo país juntou o seu pé-de-meia.
A última tentativa gorada de apoio foi promovida por três técnicas de ação social e coma Junta de Freguesia de Ferreiros, estando a par de toda a situação a Câmara Municipal de Amares, para interditar ou inabilitar judicialmente o octogenário, só que como não haveria qualquer afetação de faculdades mentais, o Ministério Público assim não decidiu.
Estiveram envolvidos, no combate ao sinistro, cerca de duas dezenas de operacionais nas ações de combate ao fogo na residência, que não tinha água, nem eletricidade, tendo no decorrer do incêndio rebentado uma botija de gás que era a única fonte de energia da casa.
No local estiveram Bombeiros Voluntários de Amares e a Guarda Nacional Republicana, bem como a equipa da Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) do INEM.