Alunos de Guimarães enfrentam-se em torneio de retórica

Ordenação de mulheres na Igreja Católica e eutanásia, foram dois dos temas do primeiro dia

Começou na segunda-feira o Torneio de Retórica que envolve os alunos do 11.º ano das quatro escolas secundárias de Guimarães. São 1.350 alunos que durante os próximos meses vão procurar argumentar, em público, sobre os temas sorteados.

Trata-se da quarta edição do torneio, uma ideia do professor de filosofia da Escola Secundária Francisco de Holanda, Francisco Teixeira que organizou as duas primeiras edições, em Guimarães, em 95/96 e 96/97. Apesar de já terem passado 25 anos, os alunos que participaram nestes torneios surgem agora nas redes sociais a elogiar a iniciativa. Uma aluna desses anos classifica a iniciativa como “uma das que mais a marcou como estudante”.

A terceira edição, lançada no ano letivo de 2019/2020, ficou-se pelas eliminatórias, depois de ter sido apanhada a meio pela pandemia. Em 2022, a organização da Associação de Socorros Mútuos Artística Vimaranense junta-se à Câmara Municipal para levar o Torneio além da Escola Secundária Francisco de Holanda, incluindo todas as escolas secundárias do concelho.

“Não há distinção entre vias de ensino, há turmas do ensino científico-humanista e do ensino profissional”, assegura Francisco Teixeira. São 56 turmas, num total de 1 350 alunos. Os temas em debate são 18 e, sem ser os professores do grupo de filosofia, ninguém sabe quais são. Esses temas são depois sorteados e atempadamente comunicados às turmas. Cada turma tem que eleger uma equipa de três representantes para participar no debate, contudo, todos podem participar na investigação e na preparação dos temas.

Temas e posições são sorteados, um aluno pode ter que defender uma posição completamente contrária à sua

Como explica a aluna Inês Rodrigues, cuja equipa entra em ação amanhã, “a minha turma está muito envolvida, tivemos uma baixa de um elemento e houve logo voluntários para o substituir”. 

Os assuntos são sorteados e a posição relativa que cada turma tem que defender também. “Não há aqui proselitismo, o que é avaliado é a capacidade argumentativa, os alunos podem estar a defender posições completamente contrárias às suas convicções pessoais”, esclarece Francisco Teixeira. 

No primeiro dia do Torneio de Retórica dois dos temas em debate foram: a legalização da eutanásia e a ordenação sacerdotal de mulheres na Igreja Católica. “Eu sou bem nervoso para falar, acho que isso se viu ali, mas gostei. Se passar, pretendo falar mais”, confessa Rodrigo, no fim da primeira eliminatória.

A primeira fase da competição acontece dentro das escolas, entre janeiro e junho, através do processo de eliminatórias sucessivas. As quatro finais escolares, que vão escolher as turmas que representam cada uma das escolas, estão prometidas para o novo Teatro Jordão, que deve ser inaugurado brevemente. A segunda fase da competição acontece entre setembro e outubro, com os representantes de cada escola a enfrentarem-se numa grande final Teatro Jordão.

A retorica é uma técnica ou uma arte de construir o discurso, normalmente oral, fortemente persuasivo, através de um conhecimento profundo dos temas e do uso correto da linguagem. É uma prática, pelo que, melhora quando exercitada e em outros países da Europa e nos Estados Unidos, este tipo de torneios já são uma prática habitual.

 
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