O presidente da Comissão Distrital de Proteção Civil de Viana do Castelo, Miguel Alves, lamentou, hoje, a “ausência” do ICFN na apresentação do plano de combate a fogos e adiantou ter sido decidido pedir esclarecimentos àquele organismo.
“No conjunto de 100 pessoas que estiveram hoje aqui, a debater o presente e o futuro do combate aos incêndios no distrito de Viana do Castelo, o ICNF não esteve presente para nos ajudar a resolver problemas, sobretudo, num contexto do Parque Nacional na Peneda Gerês (PNPG) e das matas nacionais que temos no distrito”, afirmou o também presidente da Câmara de Caminha.
O socialista, que é ainda presidente do Conselho Regional do Norte falava aos jornalistas no final da reunião que decorreu hoje, à porta fechada, em Arcos de Valdevez, para a apresentação do Plano Operacional Distrital no âmbito do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais/2019.
“É com mágoa que digo que, nesta reunião em que tínhamos instituições de todo o distrito, não tínhamos o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). É uma pena. Gostávamos de colocar várias questões ao ICNF. Temos o Parque Nacional na Peneda Gerês (PNPG), que está sempre sob risco, temos matas nacionais, zonas de cogestão. É uma pena que, ultimamente, não tenhamos a oportunidade de debater estas questões com o ICNF, disse.
O presidente da Comissão Distrital de Proteção Civil de Viana do Castelo adiantou ter sido decidido “escrever uma carta aos dirigentes do ICNF para encontrar uma solução para resolver essa lacuna”.
Miguel Alves adiantou que o dispositivo distrital, no nível de empenhamento máximo (Nível IV), “terá 98 equipas (incluindo equipas de combate, logísticas, vigilância, de ataque inicial, entre outras), compostas por 474 operacionais e 102 veículos”.
No distrito existem 12 corporações de bombeiros, uma delas municipal. No total a região dispõe de 635 bombeiros voluntários registados.
“Somos o distrito com menos corporações de bombeiros voluntários, menos bombeiros e ocupamos o nefasto primeiro lugar do distrito onde há mais ocorrências por bombeiro, a relação do número de ocorrência por bombeiro é a maior de todo o país”, referiu Miguel Alves.
Adiantou que, apesar de “não ser o dispositivo que a região queria, a área ardida tem vindo a diminuir desde 2016, ano em que foram contabilizados 31.500 hectares, contra os 1.628 hectares, em 2018”.
“Este ano já vamos em 1.281 hectares e 327 ocorrências e ainda não entramos no período mais difícil”, especificou, adiantando estar “mais preocupado este ano, do que em 2018”.
Miguel Alves referiu-se, entre outros fatores, a “um afrouxamento no alarme social e no cuidado nas limpezas, parecendo que já se vão esquecendo os incêndios terríveis de 2017”.
“Se estamos à espera que os nossos bombeiros, que são 635 para dez municípios, 208 freguesias, uma área de 222.000 hectares que vão resolver os problemas todos, quando tudo estiver a acontecer estamos completamente errados e é bom que tenhamos noção disso”, sublinhou.