Alto Minho e Galiza candidatam pesqueiras do rio Minho a património imaterial

Investimento de cerca de 100 mil euros
Alto minho e galiza candidatam pesqueiras do rio minho a património imaterial

O Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT) Rio Minho disse este sábado à Lusa que os custos da candidatura das pesqueiras do rio Minho a património imaterial é partilhado pelo Norte de Portugal e pela Galiza, em Espanha.

Segundo o AECT Rio Minho, em Portugal, a CIM do Alto Minho suportará cerca de 50 mil euros, e a província de Pontevedra, em Espanha, 45 mil euros

A candidatura das pesqueiras a património imaterial integra-se na Estratégia de Cooperação Inteligente do Rio Minho Transfronteiriço”_Smart_Miño”, cofinanciado pelo Programa Interreg V A (POCTEP) e pretende preservar aquele que é considerado um “tesouro vivo” da pesca artesanal dos dois países.

Em Portugal, o processo “As Artes da Pesca nas Pesqueiras do Rio Minho” será registado, em fevereiro, no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial”, procedimento que será seguido por Espanha com a inscrição nas Listas Nacionais de Património Cultural.

As pesqueiras, estruturas antigas em pedra, são descritas como “habilidosos sistemas de muros construídos a partir das margens, que se assumem como barreiras à passagem do peixe, que se via assim obrigado a fugir pelas pequenas aberturas através das quais, coagido pela força da corrente das águas, acabando por ser apanhado em engenhosas armadilhas”.

“O AECT Rio Minho pretende reforçar a consciência de que o património associado às pesqueiras é um dos mais ricos representantes da herança patrimonial que relaciona a cultura material à cultura imaterial e natural do rio Minho”, sustenta aquele organismo numa nota enviada à agência Lusa.

Constituído em fevereiro de 2018 e com sede em Valença, o AECT Rio Minho abrange um total de 26 concelhos: os 10 municípios do distrito de Viana do Castelo que compõe a Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho e 16 concelhos galegos da província de Pontevedra.

Em Portugal, a intenção de candidatura das pesqueiras a património imaterial partiu da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho. A estrutura formada pelos 10z concelhos do distrito de Viana do Castelo lidera o processo que integra ainda o Aquamuseu do Rio Minho, em Vila Nova de Cerveira. Em Espanha, é a Província de Pontevedra que conduz o “processo similar” de classificação.

“As construções, umas milenares e outras centenárias, pressupõem um saber e compreensão da bacia do rio, das suas características biológicas, eco ambientais, físicas, orográficas, e as artes de pesca, testemunhas do conhecimento e vida das comunidades ribeirinhas e do seu sentimento de pertença a uma unidade cultural e identitária”, refere o organismo.

A associação transfronteiriça defende que “as práticas e saberes associados aos artefactos usados e técnicas de pesca demonstram um património imaterial complexo, resultante da interligação entre meio físico, saberes tradicionais nas artes de fazer e formas de apropriação dos recursos”.

“O AECT Rio Minho espera uma valorização deste património na comunidade nacional e internacional. Com a sua inventariação rigorosa pretende-se um conhecimento preciso dos riscos sociais, administrativos e ambientais, e das condições de manutenção deste património, da salvaguarda dos valores excecionais que revela, que permita a autoestima dos pescadores locais e das comunidades ribeirinhas, e que contribua para um desenvolvimento endógeno e sustentável”, sustenta.

Além do estudo que vai suportar a classificação, o projeto inclui uma exposição intitulada “Rio Minho – Memórias Transfronteiriças”, a inaugurar em março.

A mostra irá percorrer os municípios transfronteiriços do rio Minho para “espelhar quer as suas águas, quer as margens e quem nelas vive, as suas técnicas, a música, a gastronomia, a língua e os jogos”.

A exposição incluirá um mapa interativo, com a localização das pesqueiras, e permitirá aos visitantes conhecerem “as margens do rio, com quiosques multimédia, filmes e painéis interpretativos de “uma cultura plena de tesouros vivos, de pessoas com um profundo conhecimento e prática local”.

Na exposição, “o visitante poderá conhecer uma armadilha de pesca à lampreia e as espécies aquáticas mais icónicas” daquele curso internacional de água.

 
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