O primeiro Comandante Operacional Distrital (CODIS) de Viana do Castelo, Marco Domingues, disse hoje que a região contará na fase crítica dos incêndios florestais com cerca de meio milhar de operacionais, distribuídos por 111 equipas.
O responsável, que falava durante a apresentação do Plano Operacional Distrital no âmbito do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais/2020, adiantou que o dispositivo previsto para o nível IV poderá ser “ajustado e reforçado conforme os estados de alerta especiais que venham a ser decretados”.
As 111 equipas, compostas por 478 operacionais das diferentes valências da proteção civil, “atuarão nos 162 mil hectares de floresta que se estendem pelos 2.250 quilómetros quadrados dos 10 concelhos do distrito de Viana do Castelo, onde, de acordo com o Censos de 2011, residem 240.133 habitantes”.
Marco Domingues prevê um verão “particularmente difícil” num distrito que apresenta um histórico de “muitas ocorrências” e que, desde 2016, tem vindo a reduzir a área ardida.
“Até quarta-feira contabilizámos [este ano] um total de 54 ocorrências e uma área ardida de 95 hectares. Em 2019, registamos 327 ocorrências e um total de 1.281 hectares de área ardida”, referiu.
Marco Domingues apontou os “condicionalismos” criados este ano pela covid-19 nos trabalhos de limpeza dos terrenos que estão “longe da execução pretendida”.
“Dificilmente, até à fase crítica, será possível fazer a limpeza pretendida”, disse, sugerindo que “as ações ainda a realizar sejam cirúrgicas e em locais chave”.
Com uma área total de 222 mil hectares, o distrito de Viana do Castelo tem 208 freguesias, 99 das quais (8,9% do total do país) consideradas prioritárias na prevenção de fogos florestais.
“O número de freguesias prioritárias coloca o distrito no quinto lugar a nível nacional. Nessas 99 freguesias estão identificados 1.185 lugares prioritários”, sustentou durante a apresentação do dispositivo distrital que decorreu, presencialmente, no auditório da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG) de Viana do Castelo.
Naquele espaço, com cerca de 200 lugares, estiveram presencialmente 13 responsáveis da proteção civil, cumprindo as recomendações da Direção-Geral da Saúde, sendo que mais 44 responsáveis do distrito de Viana do Castelo acompanharam e participaram na sessão, com recurso a videoconferência.
O responsável disse ainda que, apesar de Viana do Castelo ser “o distrito com o maior número de ocorrências por corpo de bombeiros, ocupa o último lugar do país no número de operacionais”.
As 12 corporações existentes na região integram 690 bombeiros, sendo que apenas 64 são profissionais e integram a corporação dos sapadores de Viana do Castelo.
Além da capital do Alto Minho, também Caminha possui duas corporações de bombeiros voluntários, uma situada na sede do concelho e a outra em Vila Praia de Âncora.
De acordo com os números hoje revelados por Marco Domingues, “entre 2017 e 2019 os corpos de bombeiros da região foram reforçados com 160 novos operacionais”, lamentando que o mesmo não venha a acontecer em 2020 devido à pandemia de covid-19.
“Os 70 novos elementos viram a sua atividade formativa suspensa devido à pandemia de covid-19. É um golpe contundente nas nossas fileiras que nos vai criar dificuldades”, admitiu, destacando que uma das preocupações prende-se com “a indisponibilidade noturna dos restantes agentes da proteção já que um terço de todas as ocorrências registadas na região ocorrem à noite”.
O presidente da Comissão Distrital de Proteção Civil de Viana do Castelo, Miguel Alves, adiantou que irá propor à Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil a criação de uma equipa de intervenção noturna para responder à “problemática” dos fogos que deflagram durante a noite.
“Este problema deve merecer atenção especial. Desde 2014 que o maior número de ignições ocorre à noite. Esse cenário só não aconteceu no ano de 2019. Temos de ponderar e exigir que o distrito de Viana do Castelo disponha de uma equipa terrestre de intervenção noturna “, especificou Miguel Alves.