O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, afirmou hoje que quem está a mentir vai ter que dar explicações na polémica entre o ministro João Galamba e o seu ex-adjunto sobre a reunião preparatória com a ex-CEO da TAP.
De visita à feira agropecuária Ovibeja, Paulo Raimundo recorreu ao provérbio “quando maio chegar quem não arou, vai ter que arar” ao ser questionado pelos jornalistas sobre a polémica em torno da reunião preparatória com a ex-CEO da TAP.
E acrescentou: “Há três coisas que temos certas: primeiro é que maio vai chegar, nesses acontecimentos todos, houve quem mentiu e vai ter que se explicar e a TAP, que é aquilo que está no alvo disto tudo, querem que seja privatizada”, afirmou.
Aludindo ainda ao mesmo provérbio, Paulo Raimundo admitiu que o primeiro-ministro, António Costa, “está à espera de maio” para falar sobre o assunto e voltou a dizer que “quando maio chegar alguém vai ter que se explicar”.
“Há um problema, que é uma evidência e já vale a pena perguntas, respostas ou combinações. A questão de facto é que alguém mentiu, alguém está a mentir, nesta situação toda e é preciso saber quem mentiu e isso é que deve ter explicação”, disse.
O líder comunista considerou que “o crime de grande dimensão que está em curso é a privatização da TAP” e defendeu que esse processo tem que ser travado e que a companhia aérea deve ter uma gestão pública.
Na comissão de inquérito, há “tanta berraria, tanto barulho, tantos casos se sucedem, é uma evidência e não há como esconder isso, mas, no fim do dia, o caminho acelerado é a privatização da TAP”, referiu.
“E este caminho é acompanhado por PS, PSD e Iniciativa Liberal. Tanta berraria para estarem todos de acordo”, frisou.
Quanto ao resto, realçou, “é esclarecer o que há para esclarecer, identificar quem mentiu, houve quem mentisse, não há nenhuma dúvida, e alguém vai ter que se explicar sobre isso”.
Acompanhado pelo deputado comunista eleito por Beja, João Dias, e outros dirigentes, o líder do PCP e o Presidente da República, que, à saída, fez um compasso de espera, cruzaram-se à entrada do certame e cumprimentaram-se com um aperto de mão.
“Boa visita. Está espetacular e com sorte ainda assiste aos Xutos & Pontapés e come qualquer coisa”, disse-lhe Marcelo Rebelo de Sousa, ao que Paulo Raimundo respondeu: “Pois claro. Acredito. Vamos lá ver essa agricultura. Boa viagem”, retorquiu.
Questionado sobre a falta de convites ao Governo para visitar a feira, o secretário-geral do PCP disse que “quem organiza convida quem entende”, mas reconheceu que “é justa a indignação dos agricultores, em particular, dos pequenos agricultores”.
“Temos tudo, temos a terra, temos agricultores empenhadíssimos, gente que ama a terra e a agricultura e o que falha é a política. Temos que ter uma opção de apoiar a produção e não apoiar para acabar a produção agrícola”, assinalou.
O ministro das Infraestruturas, João Galamba, considerou hoje ter “todas as condições” para estar no Governo, negou contradições e realçou que os factos mostram que houve cooperação com a comissão de inquérito à TAP.
Numa conferência de imprensa, Galamba disse que informou a ex-presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, sobre a reunião preparatória pedida pelo PS e que podia participar, se quisesse, tendo recebido confirmação do interesse mais tarde, presença à qual não se opôs.
O governante afirmou ainda que reportou ao secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro e à ministra da Justiça o roubo de um computador pelo adjunto exonerado Frederico Pinheiro, tendo-lhe sido dito que deveria comunicar ao SIS e à PJ.
Na sexta-feira conheceu-se a exoneração de Frederico Pinheiro por “comportamentos incompatíveis com os deveres e responsabilidades” e as suas acusações a João Galamba, negadas categoricamente pelo ministro, de que tinha procurado omitir informação à comissão de inquérito (CPI) à TAP.
O adjunto exonerado acusou o Ministério das Infraestruturas de querer omitir informação à comissão de inquérito à TAP sobre a “reunião preparatória” com a ex-CEO.