Artigo de Vânia Mesquita Machado
Pediatra e escritora. Autora do livro Microcosmos Humanos. Mãe de 3. De Braga.
Opinião sobre a tentativa de golpe de estado na Turquia
O calor persiste, lentifica o raciocínio, a vontade é esparramar o cérebro numa sombra e refrescar os sentidos com água fresca, desligando a mente, um “stand-by” da capacidade reflexiva, um “volto já” suspenso na porta, para um descanso do pensamento.
Hoje, porém, não consigo.
No rescaldo das glórias desportivas que encheram de orgulho o peito coletivo português, os pés assentam na terra, os olhos incrédulos com a casa dos horrores em que o nosso mundo aos poucos se transforma.
É impossível assistir impavidamente à maré de sangue que galgou os passeios na baía de Nice, onde por diversas vezes passeei a usufruir da serenidade de noites de verão de céu estrelado. Mesmo que aparentemente o ato tenha sido cometido por um camionista tunisino tresloucado que até batia na sua mulher. Já nem são os motivos que importam nestes sucessivos atentados suicidas.
Pode a violência massiva ser justificada?
Infelizmente, parece que sim.
Para líderes psicóticos, os fins justificam os meios e tanto a população como os meios de comunicação são manipulados por finos cordéis que controlam as marionetes , da forma como lhes convém…
O golpe de estado turco foi um ato alegadamente planeado, segundo li na credível fonte noticiosa que é a Reuters.
O ser humano a exibir a capacidade maquiavélica da forma mais impressionante, sem preocupações morais com a chacina generalizada do seu próprio povo…
Era necessário purgar o exército, militares que não interessavam manter com vida porque poderiam conspirar contra o governante, e por isso ” pela graça de Deus” segundo Erdogan que o “golpe” fracassou, pois agora serão exterminados os culpados.
Ou seja, uma peça de teatro encenada nas ruas reais, com atores reais, com desperdício real de cidadãos inocentes que foram para as ruas da cidade defender a democracia com as vozes e as mãos, o corpo dado à bala por uma causa perdida à partida…
O que esperar de um conservador islâmico fundamentalista enlouquecido, cego pelo poder?
Resta-nos a fé e a esperança. Nada mais.
Como várias vezes escrevi, não são as ideologias nem as crenças que realmente separam a Humanidade.
É o ódio semeado indiscriminadamente.
Como crente, não esqueço a frase que Jesus nos ensinou :” Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”.
Nem sempre a consigo pôr em prática, sou humana e erro muito, mas é urgente repensar a nossa forma de viver e a herança que deixamos aos nossos filhos, a geração futura…
Estará a Humanidade perto do fim?…
… Continuo a acreditar que não…
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