Declarações após o Gil Vicente-Académico de Viseu (3-2, após prolongamento), jogo dos oitavos de final da Taça de Portugal de futebol, disputado no Estádio Cidade de Barcelos:
Ricardo Soares (treinador do Gil Vicente): “Entrámos fortes. Queríamos marcar primeiro. Fizemos uma pressão alta e intensa, mas encontrámos um adversário de que já estávamos à espera, organizado e com qualidade. Tinha uma motivação igual à nossa. Estávamos muito motivados. O jogo foi matreiro para nós. Quando estávamos por cima, o Académico de Viseu ia à frente e marcava golo. Reagimos energicamente e fizemos o 2-2. Mesmo antes dos 90 minutos, poderíamos evitar o prolongamento. Foi uma vitória justa, mas enalteço o grande trabalho do Académico de Viseu. Foi uma equipa com ‘coração’, que valorizou o nosso triunfo.
O Académico de Viseu foi anormalmente eficaz, mas não lhes quero tirar o mérito, porque foram uma equipa muito bem organizada, tirando-nos espaço. Nós mantivemos a intensidade altíssima, e o Académico pagou caro a basculação intensa para fechar os espaços. Não merecíamos o prolongamento, nem queríamos o prolongamento. Agora, temos de recuperar para o jogo de domingo [com o Marítimo, para a I Liga].
Acho inadmissível isto acontecer no futebol português [o facto de o Gil Vicente ter uma pausa de três dias para o próximo jogo do campeonato e o Marítimo seis]. O nosso adversário não vai encarar o próximo jogo com as mesmas armas do que nós. Não deveríamos ir a jogo no domingo, às 20:30.
Foi um pormenor que não devia passar em claro. Acredito na Liga e nas pessoas que gerem o nosso futebol, mas temos de ter muito mais rigor e atenção. Deram-nos a escolher entre jogar [com o Académico de Viseu] na quarta ou na quinta. Eu poderia ter escolhido jogar na quarta, mas fomos jogar a Faro [para a I Liga] no domingo e vínhamos de uma viagem longa. Como iríamos jogar para passar aos quartos [de final], também queríamos preparar este desafio com cuidado.
O Alaa Abbas vinha de uma paragem longa, com falta de ritmo. Temos vindo a integrá-lo. Ele tem qualidade, mas esteve muito tempo parado e veio para um país diferente. Ainda é difícil comunicar com ele, mas temos a paciência necessária para ele. Espero que ele também a tenha. É um atleta que nos pode dar muito.”
Pedro Duarte (treinador do Académico de Viseu): “Sofrer depois de estar duas vezes em vantagem causa maior frustração. Foi um excelente jogo. A equipa está a crescer desde que cá cheguei, há cerca de dois meses. O resultado não foi o que queríamos, mas a equipa tem compromisso e o nosso caminho é este. Estou muito satisfeito, porque os meus jogadores conseguiram demonstrar o futebol que estamos a exibir na II Liga.
Este era o momento ideal para defrontar uma equipa de I Liga. Tinha dito que teríamos ambição para lutar pela vitória, com competência e qualidade. Mesmo sabendo que ia haver momentos em que iríamos ter dificuldades em ter bola, por causa da qualidade do Gil [Vicente], a equipa esteve bem na organização defensiva e mandou no jogo em vários momentos.
Acredito que sim [quanto ao segundo golo sofrido afetar mentalmente a equipa]. Fizemos o 1-0 e depois o Gil fez o 1-1. Quando fizemos o 2-1, acreditámos que poderíamos passar a eliminatória, até pelo tempo que faltava [cerca de 15 minutos]. Depois do 2-2, a equipa ficou mais instável emocionalmente, mas ainda reagiu para lutar pela vitória até ao fim. Este resultado não nos ‘enche a barriga’, mas os jogadores tiveram coragem, o que nos dá confiança para o que aí vem no campeonato.”