O presidente do Conselho de Administração das Águas do Norte refutou hoje a ideia de que a estação de tratamento de águas residuais (ETAR) de Serzedo constitui a questão central do problema da poluição do rio Vizela.
José Machado do Vale falava, através de videoconferência, numa audição sobre o tema na Comissão de Ambiente, Energia e Ordenamento do Território, na Assembleia da República, em Lisboa.
“Não podemos ficar indiferentes à forma injusta e difamatória que tem sido imutada a esta empresa pública a responsabilidade da poluição do rio Vizela”, afirmou o dirigente, referindo que a ETAR foi “construída para tratar das águas residuais provenientes da produção industrial”.
Segundo o responsável pelas Águas do Norte, em 2019 foram tratados 3,5 milhões de metros cúbicos de águas residuais em Serzedo (Guimarães), correspondendo a um caudal médio de 9.600 metros cúbicos por dia, estando 50% associado a lixo industrial proveniente da atividade têxtil, acrescentando que ainda foram retiradas 3.500 toneladas de lamas e 130 de areias e derivados.
“Em meados de julho foi notícia uma descarga de água vermelha realizada no rio Vizela pela ETAR de Serzedo. […] Deveu-se principalmente, não pelas águas residuais, mas, sim, por uma concentração de cor relacionada com uma descarga industrial e não foi possível remover totalmente”, disse.
Para José Machado do Vale, a ETAR de Serzedo é uma das mais sofisticadas e eficientes da Águas do Norte.
“É uma ETAR que tem cumprido, há uma regra de descargas e dos parâmetros que temos de respeitar e isso a ETAR tem respeitado”, realçou.
Em julho, a empresa Águas de Norte já havia afirmado também não haver “qualquer anomalia” na Estação Tratamento de Águas Residuais de Serzedo (ETAR), em Guimarães, equipamento que a Câmara de Vizela identificou como alegado foco poluidor do rio Vizela.
“Não existe, nem existiu, qualquer anomalia no normal funcionamento da ETAR de Serzedo. Trata-se de uma instalação de referência nacional, com um esquema de tratamento que utiliza as tecnologias mais recentes e que possui um elevado desempenho”, disse a empresa, na ocasião.
Por seu turno, o presidente do Conselho de Administração da empresa Vimágua apresentou ações estratégicas para a resolução do problema, como a manutenção preventiva com a utilização de um hidrolimpador, avaliado em meio milhão de euros.
“Temos feito um combate. Ações de fiscalização em Vizela desde 2018 até ao presente”, adiantou Armindo Costa e Silva.
Segundo o responsável, as pessoas ligam o saneamento indevidamente, criando obstruções com coisas que deviam ser colocadas no caixote do lixo e que são colocadas na sanita.
“Dezenas de talheres numa caixa de visita [esgoto]… As pessoas devem deixar de lançar este tipo de materiais”, apontou, indicando já foram encontrados “71 tubos de descarga residual clandestinos”.
Armindo Costa e Silva explicou que a maior parte dos problemas já estão resolvidos, mas lembrou que se trata de “um trabalho difícil e moroso”.
“É um trabalho de investigação, detetar e georreferenciar os tubos clandestinos. Em Vizela são mais de 8000 pontos, 8.800 pontos”, afirmou, acrescentado que a colaboração da empresa Vimágua com os municípios “é de administração, no sentido de encontrar as melhores soluções”.
O dirigente recordou também que foi criado um grupo de trabalho que está a desenvolver um estudo nos municípios de Guimarães e Vizela.
Os presidentes das câmaras de Vizela, Fafe e Felgueiras defenderam hoje, na Assembleia da República, a necessidade de uma solução técnica eficaz que acabe definitivamente com o problema da poluição do rio Vizela.
Para os três autarcas ouvidos pela Lusa depois de terem participado numa audição sobre o tema na Comissão de Ambiente, Energia e Ordenamento do Território, o funcionamento da estação de tratamento de águas residuais (ETAR) de Serzedo constitui a questão central do problema.