Luís Matias, de Vila Praia de Âncora, em Caminha, nem queria acreditar quando, hoje, ao final do almoço, abriu a carta das Águas do Alto Minho (AdAM). Trazia uma fatura superior a 50 mil euros. Entretanto, a empresa já assumiu o erro.
“Por acaso não sofro do coração, porque se sofresse tinha um problema grave”, afirma, com humor, em conversa a O MINHO, lembrando o momento em que viu a fatura: “Até disse à minha esposa: vê lá tu isto que eu não sei se estou a ver direito”.
Mas estava. Eram 50.688,10 euros que venciam dia 20 de abril. Valor completamente exorbitante, para mais quando se trata de um agregado familiar de quatro pessoas (dois adultos e duas crianças) que, anteriormente, pagava entre “16 a 18 euros”, e desde que a AdAM começou a operar, a fatura aumentou para “20 e tal” euros.
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De imediato, Luís Matias tentou entrar em contacto com a empresa para perceber o que se passava. Os esforços revelaram-se infrutíferos: “Liguei dez vezes ou mais e não me atenderam”. Por isso, ligou para o banco a cancelar o débito direto: “Não conseguia contactar a empresa e tinha medo de ter problemas, por isso liguei para o banco a pedir o cancelamento do pagamento, era a única forma que tinha de me salvaguardar”.
Já por volta das 17:30, foi a própria Águas do Alto Minho a entrar em contacto. “Pediram imensa desculpa, dizem que foi um erro de cálculo dos metros e que vão fazer a retificação. Vão anular esta fatura e enviar outra correta”, relata Luís Matias, elemento da junta de Vila Praia de Âncora, que foi contra a constituição da AdAM.
Apesar de a empressa assumir o engano, Luís Matias não deixa de considerar que se trata “um erro inadmissível”.
O caso foi tornado público nas redes sociais por Liliana Silva, vereadora de Caminha e ex-deputada na Assembleia da República pelo PSD, que, em declarações a O MINHO, fala de “demasiada incompetência junta” e lamenta que a empresa “nem se digne a atender os telefones.
A AdAM é detida em 51% pela Águas de Portugal (AdP) e em 49% por sete municípios do distrito de Viana do Castelo (Arcos de Valdevez, Caminha, Paredes de Coura, Ponte de Lima, Valença, Viana do Castelo e Vila Nova de Cerveira), que compõem a Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho.
Três concelhos do distrito – Ponte da Barca, Monção e Melgaço – reprovaram a constituição daquela parceria.
A nova empresa começou a operar em janeiro, “dimensionada para fornecer mais de nove milhões de metros cúbicos de água potável, por ano, a cerca de 100 mil clientes e para recolher e tratar mais de seis milhões de metros cúbicos de água residual, por ano, a cerca de 70 mil clientes”.