Aeronave submersa há 25 anos em Montalegre já foi resgatada

No Alto Rabagão

Um hidroavião acidentado foi retirado da albufeira do Alto Rabagão, em Montalegre, numa operação que teve como objetivo despoluir e aproveitou a descida de cerca de 30 metros da linha de água devido à seca.

O vice-presidente da Câmara de Montalegre, David Teixeira, afirmou, esta segunda-feira, que o desafio passou por retirar um “monstro debaixo de água” e despoluir, assim, a albufeira do Alto Rabagão, localmente conhecida como dos Pisões.

A operação realizou-se nesta altura, explicou, porque se assiste a um cenário de “menos 30 metros” no nível de água e envolveu os fuzileiros portugueses, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), a Fundação Parley for the Oceans e o município de Montalegre.

“Temos a noção de que o avião teria à volta de 300 litros ainda de combustível, seria sempre um elemento estranho na barragem”, salientou David Teixeira.

Foto: CM Montalegre

Foto: CM Montalegre
Foto: CM Montalegre
Foto: CM Montalegre
Foto: CM Montalegre

O acidente ocorreu a 13 de julho de 2007. A aeronave afundou na albufeira depois de um problema hidráulico e de uma tentativa de amaragem, os dois ocupantes sobreviveram e foram levados para o hospital pelos bombeiros de Montalegre.

O secretário de Estado da Conservação da Natureza, das Florestas e do Ordenamento do Território, João Paulo Catarino, que esteve hoje no Alto Rabagão, explicou que a iniciativa se insere numa operação mais vasta.

“A APA aproveitou o facto de termos algumas barragens com espelho de água com uma cota inferior e aproveitamos para fazer algumas limpezas nessas albufeiras. Esta acabou por ser uma limpeza simbólica porque sabíamos que estava aqui uma aeronave, que há mais de 20 anos tinha ficado aqui e, obviamente, que era nossa intenção proceder à sua remoção e foi com alguma emoção que encontramos hoje aqui os bombeiros que ajudaram a socorrer os pilotos e um dos pilotos que esteve neste acidente”, afirmou o governante.

A albufeira abastece de água várias localidades.

Foto: Tozé Branco
Foto: Tozé Branco
Foto: Tozé Branco

“A água que vai para consumo humano é sempre tratada, mas se sair daqui com melhor qualidade o tratamento é mais reduzido e, por isso, é sempre mais vantajoso (…) Há também todos os ecossistemas que depois beneficiam e, se a água estiver em melhores condições, todos beneficiamos com isso”, referiu João Paulo Catarino.

Apesar da descida da cota da barragem, o governante disse estar garantida “a água para consumo humano pelo menos para os próximos dois anos”.

Presente no local esta manhã, um dos pilotos do hidroavião revelou estar “nostálgico”. “São 25 anos de esperança de que um dia a gente ia ver a aeronave, isso aconteceu e isso para nós foi ótimo”, afirmou João Coelho.

Quanto ao acidente, o piloto disse não se lembrar muito bem do que aconteceu, mas que houve uma avaria no sistema hidráulico do aparelho.

Na albufeira estavam, na altura, pescadores de Chaves que ajudaram os pilotos a sair da aeronave.

Um deles, José Luís Martins contou que viram o avião passar várias vezes e a tentar amarar. “Até que, numa dessas vezes, bateu na água e capotou. A sorte foi estarmos aqui bem perto do sítio onde o avião teve o acidente, estávamos num barquito e conseguimos salvá-los”, lembrou o pescador.

O vice-presidente da Câmara de Montalegre, David Teixeira, relatou uma “missão complicada”, que começou com a deteção da aeronave na albufeira e a sua retirada das águas pelos militares da Marinha.

Já na margem, coube hoje aos bombeiros de Montalegre e à Proteção Civil municipal a recolha para um camião que irá fazer o transporte do aparelho.

O autarca explicou que se pretende, agora, que os destroços possam ser “reutilizados numa obra de arte” que “deixe na memória este acontecimento e este esforço” de limpeza e de preservação ambiental.

“Este foi também um gesto de sensibilização de todos os habitantes e insere-se num esforço contínuo que temos vindo a fazer de limpeza das margens desta albufeira”, salientou David Teixeira.

O nível da água da barragem do Alto Rabagão desceu cerca de 30 metros nos últimos meses, devido também à seca que afetou o país.

O município do Norte do distrito de Vila Real aproveitou para realizar uma operação de limpeza das margens, recolhendo, com a ajuda de voluntários, as toneladas de lixo que ficaram visíveis ao longo de toda a envolvente da albufeira.

 
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