Um projeto europeu, que envolve escolas de todos os países da União Europeia, pretende criar conteúdos que possam ser disseminados por todas as salas de aula europeias. Em Portugal são dez os professores envolvidos na ‘Europeana’. Ao Agrupamento de Escolas de Moure e Ribeira do Neiva, em Vila Verde coube uma das particularidades do projeto: aplicar as aulas que forem sendo construídas ao curso de Educação e Formação de Adultos. Caso único na Europa.
Os adultos começam a chegar à sala de aula após mais um dia de trabalho. Não sabiam mas iriam testar conteúdos, desenvolvidos por um professor finlandês, sobre o sufrágio universal e os direitos das mulheres.
Num ápice já estão a fazer pesquisas sobre mulheres lutadoras, a procurar fotos e a relacionar a contecimentos históricos como as guerras mundiais com o papel das mulheres nesses conflitos. Em trabalhos de grupo, criaram um conjunto de material que pode ser partilhado com alunos de outros países.
O professor Paulo Antunes é o responsável pelo ‘Europeana’ na escola e explica que “a ideia do projeto passa por criar conteúdos que possam ser aplicados em todos os países da Europa e em todos os níveis de ensino”. É por isso, que nesta alargada rede de parcerias, há professores desde o ensino básico até ao secundário passando pelo ensino de adultos.
Quase em simultâneo, uma escola na Roménia estava a fazer a mesma aula. Os resultados são depois partilhados numa plataforma criada para o efeito: “há uma avaliação, pode haver sugestões e estas aulas vão sendo ajustadas”.
A ideia é criar um currículo transversal a toda a Europa. Para isso, todos os recursos e materiais que forem construídos no âmbito do projeto são disponibilizados, através de uma plataforma digital, para que possam ser utilizados por outros professores.
“Os cursos de adultos, também, fazem parte do sistema de ensino, têm dinâmicas diferentes e era importante perceber se estas aulas se encaixavam neste tipo de aprendizagem”, refere Paulo Antunes justificando a escolha de um curso EFA para aplicar a metodologia.
O projeto irá continuar no próximo ano lectivo. “Já há mais países, como Espanha, Itália, Alemanha, que criaram as suas ‘aulas’ e nós iremos testá-las, também”, refere ainda o professor.
Aulas de Portugal para a Europa
Mas os adultos foram, ainda, as ‘cobaias’ para a aula que o professor elaborou para o resto da Europa. O tema anda à volta do problema dos refugiados e das migrações.
Para além de uma parte mais teórica com a legislação e a história em destaque, os alunos conhecem histórias reais e são desafiados a responder a um desafio: ‘o que levavam na mochila se fossem refugiados?’
A aula portuguesa prevê a criação de vídeos, por exemplo. Os adultos de Moure testaram a proposta, que foi afinada e já está partilhada com todas as escolas inseridas no ‘Europeana’. Em breve, toda a Europa poderá aplicar a aula portuguesa junto dos seus alunos inseridos no projeto.
Biblioteca virtual
Todos os trabalhos estão inseridos numa plataforma digital, uma espécie de biblioteca virtual desenvolvida pelos países da União Europeia. A plataforma da Europeana permite pesquisas por nome (atores, arquitetos, artistas, coreógrafos, compositores, maestros, bailarinos, cineastas, músicos, fotógrafos), por tipo de documento (títulos de livros, poemas, jornais, pinturas, fotografias, filmes ou programa de televisão), por localização dos registros (nomes de cidades ou países da Europa ou de outras partes do mundo), por datas e por frases.