Os dois arguidos que vão ser julgados em Famalicão pelo crime de abuso de confiança por alegadamente terem burlado os treinadores de futebol, Jorge Maciel, natural de Barcelos e atualmente adjunto do Lille FC, de França, bem como Baltemar Brito e José Moreira, vieram dizer ao Tribunal Judicial local que prestariam declarações no início da audiência, na próxima quarta-feira, facto que obrigou ao seu adiamento.
Fonte judicial revelou a O MINHO que houve que remarcar a convocação dos assistentes no processo, bem como das testemunhas, o que provocou o adiamento para novembro.
Já o empresário vai pronunciado por, em coautoria e concurso efetivo, um crime de abuso de confiança agravado, e um de burla qualificada.
No pedido de abertura de instrução, os dois arguidos alegaram que a matéria de facto apurada não permitia que lhes fossem imputados pela acusação, em simultâneo, os crimes de burla e de abuso de confiança, tese que o juiz não aceitou, dizendo que “os arguidos apropriaram-se de quantias monetárias legitimamente entregues pelos ofendidos e não lhes deram o destino previsto (crime de abuso de confiança), bem como receberam outras enganando os ofendidos (crime de burla)”.
Acusação
O Ministério Público do Tribunal de Famalicão concluiu que os dois terão burlado os técnicos em 14 mil euros, de honorários e de traduções e, ainda, de quatro mil francos suíços, (3240 euros) que lhes pedira de taxa de justiça da FIFA, para a entrada de uma petição contra o clube líbio All Itthiad Sports Cultural Club, de Tripoli.
Só que a queixa na FIFA nunca entrou, nem este organismo cobra taxas por ações semelhantes, as traduções não existiram e o advogado limitou-se a negociar com os líbios, à sua revelia.
Adjunto no All Itthiad
Em 2013, a equipa técnica – com Baltemar Brito como treinador principal – aceitou o convite para treinar o All Itthiad, função que assumiram durante quatro meses, tendo sido despedidos sem causa.
No All Itthiad, Jorge Maciel “apoiava o técnico principal na comunicação com os atletas e nas listas de convocados e de reforços e servia de escudo face à comunicação social”.
Em 2014, já em Portugal, através do Rodolfo Vaz, o trio contactou Duarte Costa que lhes pediu aquelas verbas e disse ter metido uma ação na FIFA, tendo mesmo, em dezembro, informado que o clube já teria sido citado para contestar. Em outubro de 2014 remetera-lhe uma decisão favorável da FIFA, por e-mail, condenando o clube ao pagamento de 72 mil a Jorge Maciel, vindo, depois, a anunciar que fizera um acordo com os líbios por 65 mil euros. Que nunca chegaram. E a ‘decisão’ da FIFA era falsa!
Maciel desconfiou
Desconfiado, Maciel contratou o advogado João Magalhães, de Braga, e este concluiu que nada entrara na FIFA, tendo este organismo dado, então, uma sentença obrigando o All Itthiad a pagar-lhe 45 mil euros. A FIFA mandou pagar 150 mil euros a Baltemar Brito.
Jorge Maciel comandou a equipa dos sub-23 do Benfica, treinou no Japão, e é agora adjunto no Lille FC de França, onde foi campeão.
Até agora, apenas entrou no Tribunal um pedido de indemnização cível, o de Maciel, que quer 23 mil euros, do dinheiro que lhes pagou, do dispêndio com o novo advogado e de danos morais.