Adiado julgamento de advogado e agente acusados de burlarem treinador de Barcelos

Arguidos querem prestar declarações

Os dois arguidos que vão ser julgados em Famalicão pelo crime de abuso de confiança por alegadamente terem burlado os treinadores de futebol, Jorge Maciel, natural de Barcelos e atualmente adjunto do Lille FC, de França, bem como Baltemar Brito e José Moreira, vieram dizer ao Tribunal Judicial local que prestariam declarações no início da audiência, na próxima quarta-feira, facto que obrigou ao seu adiamento.

Fonte judicial revelou a O MINHO que houve que remarcar a convocação dos assistentes no processo, bem como das testemunhas, o que provocou o adiamento para novembro.

Conforme o O MINHO tem reportado, o Tribunal de Instrução de Guimarães pronunciou, para julgamento, em março, o advogado Duarte Costa e o empresário de futebol Rodolfo Filipe Vaz; o jurista será julgado pela prática, em coautoria e concurso efetivo, de um crime de abuso de confiança agravado, um de burla qualificada, e quatro crimes de falsificação de documento agravado, e, três crimes de prevaricação de advogado.

Já o empresário vai pronunciado por, em coautoria e concurso efetivo, um crime de abuso de confiança agravado, e um de burla qualificada.

No pedido de abertura de instrução, os dois arguidos alegaram que a matéria de facto apurada não permitia que lhes fossem imputados pela acusação, em simultâneo, os crimes de burla e de abuso de confiança, tese que o juiz não aceitou, dizendo que “os arguidos apropriaram-se de quantias monetárias legitimamente entregues pelos ofendidos e não lhes deram o destino previsto (crime de abuso de confiança), bem como receberam outras enganando os ofendidos (crime de burla)”.

Acusação

O Ministério Público do Tribunal de Famalicão concluiu que os dois terão burlado os técnicos em 14 mil euros, de honorários e de traduções e, ainda, de quatro mil francos suíços, (3240 euros) que lhes pedira de taxa de justiça da FIFA, para a entrada de uma petição contra o clube líbio All Itthiad Sports Cultural Club, de Tripoli.

Só que a queixa na FIFA nunca entrou, nem este organismo cobra taxas por ações semelhantes, as traduções não existiram e o advogado limitou-se a negociar com os líbios, à sua revelia.

Adjunto no All Itthiad

Em 2013, a equipa técnica – com Baltemar Brito como treinador principal – aceitou o convite para treinar o All Itthiad, função que assumiram durante quatro meses, tendo sido despedidos sem causa.

No All Itthiad, Jorge Maciel “apoiava o técnico principal na comunicação com os atletas e nas listas de convocados e de reforços e servia de escudo face à comunicação social”.

Em 2014, já em Portugal, através do Rodolfo Vaz, o trio contactou Duarte Costa que lhes pediu aquelas verbas e disse ter metido uma ação na FIFA, tendo mesmo, em dezembro, informado que o clube já teria sido citado para contestar. Em outubro de 2014 remetera-lhe uma decisão favorável da FIFA, por e-mail, condenando o clube ao pagamento de 72 mil a Jorge Maciel, vindo, depois, a anunciar que fizera um acordo com os líbios por 65 mil euros. Que nunca chegaram. E a ‘decisão’ da FIFA era falsa!

Maciel desconfiou

Desconfiado, Maciel contratou o advogado João Magalhães, de Braga, e este concluiu que nada entrara na FIFA, tendo este organismo dado, então, uma sentença obrigando o All Itthiad a pagar-lhe 45 mil euros. A FIFA mandou pagar 150 mil euros a Baltemar Brito.

Jorge Maciel comandou a equipa dos sub-23 do Benfica, treinou no Japão, e é agora adjunto no Lille FC de França, onde foi campeão.

Até agora, apenas entrou no Tribunal um pedido de indemnização cível, o de Maciel, que quer 23 mil euros, do dinheiro que lhes pagou, do dispêndio com o novo advogado e de danos morais.

 
Total
0
Partilhas
Artigos Relacionados
x