Esta tarde houve festa rija na freguesia de Moure, Vila Verde. Quem passou pela Avenida das Lagoas não pôde ficar indiferente ao som de festa, qual S. João antecipado, para celebrar um centenário. O número é redondo e até a chuva abrandou para comemorar com a pompa e circunstância que os 100 anos de Adeuzinda Rodrigues merecem.
Nasceu a 20 de junho de 1921, no pós-pandemia provocada pela gripe espanhola, e não foi a covid-19 a estragar a festa, até porque a aniversariante já está “bi-vacinada” e, segundo a própria, não teve qualquer sintoma depois de ser inoculada.
Rodeada por família e amigos – e não são poucos -, Adeuzinda teve cinco filhos, 12 netos, 13 bisnetos e 3 trinetos. A família tende a aumentar cada vez mais e, de tiara na cabeça como a ocasião manda, a rainha da festa vai observando atentamente, a festa e a vida.
Viveu toda a vida em Moure, quer a trabalhar no campo, quer a cuidar da família. Dos seus filhos, dois rapazes e três raparigas, já perdeu três – um deles há pouco menos de dois anos.
Em conversa com O MINHO, sem tirar os olhos da festa, Adeuzinda disse estar “muito feliz” por estar rodeada de tanta gente num dia especial. “São muito meus amigos, gosto deste pessoal todo”. Mulher de armas e de trabalho, foi ajeitando o blazer constantemente enquanto lhe tiraram fotografias, não fosse a roupa ficar torta.
A O MINHO, não soube responder à pergunta para a lotaria: qual o segredo para viver até aos 100?, mas acredita que a alimentação é uma aliada forte.
“Como de tudo. Massa, arroz… Gosto muito de sopa, mas é com as couves das nossas, cá de casa, não é dessas pencas que se compram agora”, detalhou a recém-centenária, explicando ainda que ao pequeno-almoço come sempre o mesmo, e está em forma e com os açúcares em dia. “Tomo leite e como dois pães, é sagradinho”, confessou.
Ainda vai ao McDonald’s e gosta de Gin
Adeuzinda tem um segredo caricato na alimentação. Ainda ontem foi, em jeito de celebração antecipada… Ao Mc Donald’s.
Uma das netas explicou a O MINHO que “come sempre o mesmo: um Happy Meal, mas tem de ser sem pickles”. Já Adeuzinda acrescentou: “Gosto muito dos “bamburras” [hambúrgueres] mas agora já tenho algum fastio”.
Enquanto foi detalhando a vida que está para trás, bebericou de um Gin que estava à mesa. “Também gosto, mas só bebo um bocadinho”, explicou a rainha da festa.
Adeuzinda Rodrigues levanta-se todos os dias por volta da mesma hora – 10 da manhã – e explica porquê. “Eu já não preciso de fazer nada, fazem-me tudo, sou uma fidalguinha”.
Em altura de festas, gosta de comprar “pechinchas” para os mais novos e até tem uma loja preferida. “Vou à barateira com as minhas netas [Primark]”.
Ainda tem genica para dançar o que a coluna tocar – ora folclore, ora… Kizomba. “Vai-se vivendo assim”, confessou, com alegria, Adeuzinda.
A festa continuou e o convite ficou renovado para o próximo ano. “Se eu for viva, que cá estejamos todos outra vez”.
Se terá festa em 2022 ou não, o futuro o dirá, mas certo é que Adeuzinda Rodrigues, em plena pandemia, inscreveu o nome num livro onde já poucos chegam – o livro dos 100 anos de vida.
*Reportagem de Ariana Azevedo