Descasque o ovo; atire as cascas para o rio; coma o ovo. A lenda diz que quem comer um ovo à meia-noite no dia de Páscoa, em cima da Ponte de Prado, em Vila Verde, passa o ano sem dores de cabeça.
A tradição tem vindo, a cada ano, a ganhar mais adeptos e o Presidente da Junta, em conversa com O MINHO, espera que este ano, “mais de duas mil pessoas cumpram a tradição”.
Começam a chegar por volta das 22:30. Por norma, vêm em grupos. Uns trazem os ovos, outros as bebidas. O ambiente começa a aquecer com cantorias improvisadas. Vai-se ouvindo uma concertina. O largo enche-se e há quem se atreva a ganhar posição em cima da ponte.
Apesar de medieval, a ponte tem-se aguentado estes anos todos com uma tradição típica da Vila de Prado mas que as freguesias de Barcelos e de Braga “aderem em massa”.
“O número de pessoas tem vindo a aumentar mas sem fugir muito aquilo que são as nossas expetativas”, reconhece Albano Bastos, o autarca de Prado. No ano passado, “colocamos duas barracas, uma com ovos e outra com bebidas, para quem não quiser trazer de casa”, revela ainda.
Porque a ponte não tem iluminação própria, para esta noite específica são colocados uns arcos luminosos e uma ornamentação apropriada e no final, outra novidade recente, há fogo-de-artifício.
Um dos melhores ‘amigos’ desta iniciativa é o tempo: “se chover vem sempre menos gente mas quando está uma noite agradável temos aqui um mar de pessoas”, acrescenta, ainda, Albano Bastos.
Tradição já teve ‘má fama’
O ovo na Ponte em dia de Páscoa é uma tradição imemorial na vila de Prado. Todos dizem que na infância já se ia ao meio da ponte comer o ovo. No entanto, há três décadas atrás, a tradição era mal-afamada.
“Uns bêbados iam para cima da ponte e como o trânsito não era cortado, abanavam os carros que passavam e alguns criavam problemas”, recorda o actual Presidente da Junta. Por isso, Albano Bastos congratula os seus antecessores que decidiram tomar em mãos a tradição.
“A GNR foi informada e o trânsito é cortado no Ponte, durante cerca de duas horas”. A decisão tirou o ‘medo’ dos pradenses que começaram a sair de casa. “Isso fez com que ao longo dos anos viessem cada vez mais pessoas, até às enchentes atuais”.