A greve dos trabalhadores da Resinorte “não está a ter impactos visíveis” na recolha do lixo, porque o tribunal arbitral decretou “serviços máximos”, considerando tratar-se de um caso de saúde pública, disse hoje fonte sindical.
Em declarações à Lusa, Joaquim Sousa, do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL), acrescentou que na estação de tratamento mecânico, em Riba de Ave, Vila Nova de Famalicão, e no ecoparque, em Celorico de Basto, a adesão à greve é de 100 por cento, estando apenas a ser assegurados os serviços mínimos decretados pelo tribunal.
“Em termos de lixo acumulado junto aos ecopontos, que é normalmente a face mais imediata, a greve não está a ter impactos significativos, por causa da decisão do tribunal arbitral”, referiu.
O tribunal decretou oito equipas de recolha seletiva para satisfação das necessidades mínimas requeridas, nas zonas de maior população da Resinorte, designadamente Guimarães, Vila Nova de Famalicão, Santo Tirso, Fafe, Vila Real, Amarante, Marco de Canaveses e Chaves.
“Entenderam que a recolha é uma questão de saúde pública e acabaram por impor praticamente serviços máximos”, disse Joaquim Sousa.
Contactada pela Lusa, a Resinorte refere que, até ao final da manhã, registava-se uma adesão à greve de 15,8%, “com incidência apenas nas unidades de produção de Riba de Ave e Celorico de Basto.
O aumento “geral e significativo” dos salários é uma das principais reivindicações dos trabalhadores da Resinorte.
Pedem um aumento de 150 euros para todos e um salário mínimo “nunca abaixo” dos mil euros.
Aumento do subsídio de refeição, atribuição do subsídio de risco e valorização das carreiras profissionais e sua regulamentação, para permitir a progressão e promoção na carreira a todos os trabalhadores, são outras das reivindicações.
Exigem ainda a negociação do acordo de empresa, que uniformize as regras laborais e que promova e garanta a valorização remuneratória, a dignificação profissional e a qualidade do serviço prestado.
O STAL sublinha que, em 2023, a Resinorte obteve um resultado líquido positivo de mais de 600 mil euros e optou por distribuir dividendos de 730 mil euros, “o que significa uma clara e preocupante descapitalização da empresa”.
Em contrapartida, acrescenta o sindicato, a empresa “avançou unilateralmente com aumentos salariais ao nível da esmola”.
A Resinorte responde que “continuará a estar, tal como sempre esteve, disponível para o diálogo e para chegar a um acordo possível com os trabalhadores”.
Acrescenta que os seus trabalhadores “são e sempre serão um ativo essencial para a concretização da atividade da empresa” e que, nesse sentido, “tem promovido uma política de diálogo permanente, recebendo sempre os seus trabalhadores e o STAL, e ouvindo as suas preocupações e sugestões, no sentido de desenvolver e contribuir, em conjunto, para a melhoria das condições de trabalho e remuneratórias de todos e procurando, na medida do possível, dar resposta aos problemas identificados”.
“A Resinorte mantém e manterá o seu compromisso para com todos os seus trabalhadores, acionistas, municípios e parceiros, com o objetivo de assegurar a sustentabilidade e crescimento da empresa em todas as suas dimensões”, remata.
De capitais maioritariamente privados, a Resinorte é o sistema multimunicipal de triagem, recolha, valorização e tratamento de resíduos sólidos urbanos do norte central, operando em 35 municípios e servindo cerca de um milhão de habitantes.