Vários adeptos do Vitória SC foram autuados por não respeitaram as regras de distanciamento social antes do dérbi minhoto, em Guimarães, contra o SC Braga, em jogo da 5.ª jornada da I Liga, no domingo, anunciou hoje a PSP.
Em comunicado, a Polícia refere que, “ainda antes do início do jogo, vários adeptos/simpatizantes do Vitória SC que se encontravam no exterior do recinto deflagraram vários artigos pirotécnicos, tendo de imediato a PSP intervindo no sentido de impedir esta prática”.
A PSP acrescenta que “alguns grupos de adeptos não observavam as regras de distanciamento social, juntando-se em grupos de dimensão superior a cinco pessoas”, pelo que os agentes tiveram que “abordar diversos cidadãos no sentido de garantir o cumprimento destas normas”.
“A PSP já procedeu ao levantamento de vários autos, pelas situações descritas, no sentido de responsabilizar as pessoas identificadas”, acrescenta o comunicado, alertando os “adeptos / simpatizantes dos clubes para a necessidade absoluta de, mesmo em contexto desportivo, ser mantido o rigoroso cumprimento das medidas de proteção da covid-19, nomeadamente mantendo o distanciamento físico, evitando ajuntamentos superiores a 5 pessoas e usando permanentemente a máscara de proteção corretamente colocada”.
“Estes comportamentos afiguram-se essenciais a minimizar o risco de propagações virais no contexto dos eventos desportivos, elemento fundamental para que o público possa voltar ao interior dos recintos desportivos”, completa aquela força policial, garantindo que “manter-se-á atenta e interventiva também no contexto desportivo, salvaguardando os adeptos que pretendem apoiar as equipas envolvidas e, ainda assim, sem pretenderem colocar-se em risco de contágio”.
Vitória reage em comunicado: “Uso excessivo de força”
Os adeptos foram alvo de uma carga da PSP quando acolhiam o autocarro do Vitória SC com cânticos de apoio e engenhos pirotécnicos, na antecâmara do desafio que o Braga venceu (1-0), e o clube vimaranense reagiu à situação, lamentando o “uso excessivo de força” por parte da polícia.
“Tendo recolhido e analisado elementos relativos à atuação policial, o Vitória Sport Clube manifesta o seu profundo incómodo perante a desproporcionalidade da ação e, como tal, solicitou os relatórios da operação à PSP, reclamando ações concretas que concluam sobre a atuação verificada e que esclareçam sobre um uso excessivo de força perante os adeptos do nosso clube”, lê-se na nota hoje divulgada.
O Vitória considera não ser “possível que o país tolere cargas motivadas “por cânticos de apoio’ e ‘tochas deflagradas'”, depois de permitidos “pequenos ajuntamentos de adeptos de outros clubes ao longo dos últimos meses” e dos “relatos mediáticos de ‘facilitismo sanitário'” no Grande Prémio de Portugal de Fórmula 1, decorrido no último fim de semana, no Autódromo Internacional do Algarve, em Portimão, com 27.500 espetadores.
“A violência desproporcionada é, por si só, um lamentável abuso de autoridade, mas, num tempo tão sensível como o que enfrentamos, é especialmente crítico que se transmitam mensagens tão díspares e se pratiquem critérios tão diferenciados, permitindo-se que vingue a ideia de que há normas para uns e normas para outros”, refere a nota.
Além da “diferenciação negativa de que o futebol tem sido alvo”, o clube queixa-se de um “estigma particular sobre os adeptos do Vitória” e alerta mesmo para o risco da “instauração de um estado policial”, face à postura exibida pela polícia.
“É inaceitável que o uso da força se torne discricionário, como inaceitável será o silêncio daqueles a quem cabe garantir que jamais, mesmo em tempos extraordinários, nos confrontemos com uma suspensão constitucional e a instauração de um estado policial”, conclui a nota.
Notícia atualizada às 18h22 com reação do Vitória SC.