Começou a Liga Europa para o SC Braga e para muitos bracarenses abriu a época de romarias rumo a várias cidades europeias. A primeira foi hoje na Suécia, para defrontar o Malmö, na 1.ª jornada da fase de grupos da Liga Europa. Entre os cerca de cem adeptos bracarenses, há ‘veteranos’ nas lides europeias, mas também adeptos estreantes e até ‘emprestados’.
Nas horas que antecedem ao jogo, entre a correria dos locais em cima de bicicletas, passeiam-se, em ritmo de turista, adeptos bracarenses trajados de vermelho. À entrada de um dos pontos turísticos da cidade, no Castelo de Malmo, saltam aos olhos orgulhosos cachecóis do Braga.
Paulo Lisboa e António Ferreira são dois adeptos experientes nas lides europeias. Quantos vezes já assistiram a jogos do Braga no estrangeiro? A resposta é instantânea: “Sei lá”. Foram certamente mais de duas dezenas, dizem depois de umas rápidas contas de cabeça.
O primeiro de António Ferreira foi frente ao clube holandês Vitesse, na época 1997/1998, numa eliminatória em que Artur Jorge (atual treinador do Braga) bisou na primeira mão. Entre eliminatórias célebres, Paulo Lisboa não esquece o jogo ‘impróprio para cardíacos’ em Sevilha – o Braga venceu por 3-4, em jogo a contar para qualificação na Champions. Não lhe sai da memória também as ‘invasões’ nas deslocações aos terrenos do Paris Saint Germain (com a ajuda da comunidade portuguesa em Paris) ou do Milan. “Nós enchemos a Praça Duomo”, lembrou.
Outra das veteranas no apoio ao Braga no estrangeiro é Maria da Graça, líder da claque feminina “As Braguinhas”, e que acompanha o clube do coração há anos. “Venho sempre, Braga é Braga e mais nada”, atira Maria da Graça. Paulo Lisboa considera que não há explicação para o sentimento de levar o nome da cidade “pela Europa fora”.
Entre adeptos que somam dezenas de deslocações, está o estreante Pedro Rodrigues. Aos 16 anos, acompanha pela primeira vez o Braga. “Sempre quis ver o Braga na Europa e surgiu agora a oportunidade”, conta. Apesar de caloiro nestas andanças, partilha o mesmo amor ao clube: “É uma paixão que não tem explicação”. Está na companhia do seu tio, que já leva mais de 20 deslocações europeias. “Estou na Alemanha emigrado há mais de 30 anos e ver o clube da minha cidade jogar… é sempre aquela emoção”, confessou Dino Rodrigues. Trajado à Braga nas ruas de Malmö, gaba a tolerância dos escandinavos. Podemos andar à vontade, não há provocações, é um povo espetacular”, disse.
Segundo o experiente adepto, está longe das realidades mais duras, como no leste da Europa, por exemplo. Aprecia o ‘fair-play’ e cultiva-o. Como bom emigrante, não falha o jogo de uma equipa portuguesa na Alemanha ou redondezas. Nem ao do seu “maior rival”. Já foi ver o Vitória SC quando a equipa de Guimarães na última deslocação do clube até à vizinha Bélgica. “Emigrante não olha à cor do clube”, atirou.
Quem também desfez as convicções clubísticas foi Amílcar Dias. Não é de Braga, muito menos de SC Braga, mas está às portas do estádio com a camisola da seleção portuguesa. O lisboeta e sportinguista é emigrante em Malmö há 29 anos e procura matar “saudades” do país. Desde muito novo na cidade sueca, não esconde que fica “dividido” na hora de torcer por um dos emblemas. Por isso, “que seja um bom jogo e que ganhe o melhor”.
Adeptos do Braga transbordam otimismo até Malmo
Com uma arrancada invicta do SC Braga na nova época, não há quem esconda o otimismo para o jogo na Suécia, mas também para o resto da época. Dino Rodrigues, emigrante na Alemanha, já foi ver ao estádio os jogos frente ao Tondela, Arouca e Vitória. “Pelo que vi, a equipa está a fazer uma época boa”, considerou.
António Ferreira lembrou um ‘ponto’ que pode favorecer o Braga nesta época é uma “incógnita”. “Pela paragem no campeonato por causa das seleções, é o ano que o Braga devia aproveitar”, disse Ferreira.
Jogadores do Braga agradecem aos adeptos que os apoiaram debaixo de chuva na Suécia
Paulo Lisboa considera que o Braga está num “bom caminho” para chegar ao “sítio certo”. “Em breve estaremos na Liga dos Campeões”, desejou Paulo Lisboa. Esse é também um “sonho” de Dino Rodrigues, ao qual junto outro: “Quando o Braga for campeão, já posso morrer à vontade”.