Ficou com o nariz partido e com várias equimoses na cabeça e no corpo. Foi este o resultado da agressão a pontapé de que foi vítima Miguel Jordão, de 26 anos, adepto do Vitória SC, quando se dirigia, domingo passado, para o Estádio Municipal de Braga para ver o jogo de futebol que opunha o clube vimaranense ao SC Braga. Os agressores serão adeptos do clube bracarense e pertencerão às claques – não oficiais – do clube.
“Eram entre dez e 15. Caí ao chão e deram-me pontapés na cabeça e no corpo, einsultaram-me dizendo que me iam matar”, contou.
O cidadão, que apresentou queixa na PSP da cidade e já entregou queixa-crime contra incertos, através da advogada Filipa Dantas, no Tribunal Judicial, contou a O MINHO que foi a Braga, com quatro amigos, e parou o carro junto ao hipermercado Decathlon. Daí, saíram para a Avenida do Estádio, separados para “não dar nas vistas”, e dirigiram-se para o recinto do jogo. Não havia polícias no local, asegura. Quando iam perto do quartel dos Bombeiros Sapadores, um grupo de ‘braguistas’ interpelou um deles, perguntando-lhe se eram de Braga, ao que ele respondeu que “sim”. Aí, obrigaram-no a parar e questionaram: “De que freguesia és?”
Rodeado e pontapeado
Atrapalhados, os vimaranenses, que não traziam cachecóis nem símbolos da coletividade da ‘cidade-berço’, resolveram correr, avenida abaixo.
“Comecei a fugir e, perto da rotunda do Estádio, veio outro grupo das claques barrar-me o caminho. Virei na direção do pavilhão do Sporting de Braga, onde estava um «segurança». Pedi socorro, mas antes de ali chegar caí, nem sei se fui rasteirado, e fui rodeado por dez a 15 pessoas, que me pontapearam”, descreveu.
A certa altura, um outro braguista, da claque dos Red Boys, interveio para que o grupo parasse as agressões e o Miguel Jordão acabou por ser levado pelo ‘spotter’ para dentro das grades que rodeiam o pavilhão Arena Braga. Mesmo assim – assegura – o grupo continuou a insultá-lo e a ameaçá-lo de morte.
Nessa ocasião, chegaram alguns agentes da PSP que – e conforme O MINHO reportou – dispersaram os braguistas à bastonada, tendo, alegadamente, aberto um lanho na cabeça a um deles e ferindo ligeiramente outros três ou quatro. E um acabou detido.
Miguel acabou por ser transportado ao Hospital numa ambulância dos bombeiros, a qual, curiosamente, levou, também, um dos agressores: “Perguntaram-me se me importava e eu disse que não, mas quer uma bombeira quer um polícia ralharam-me, dizendo que eu já devia saber que a agressão ia acontecer, o que não me parece ser próprio da função que exercem”.
Endireitaram-lhe o nariz
No Hospital, os médicos “endireitaram-lhe” o nariz e deram-lhe baixa ao trabalho por uma semana.
O jovem vai, agora, pedir que o Tribunal solicite ao SC Braga os vídeos das várias câmaras de vigilância da zona, a partir dos quais será possível chegar à identidade dos agressores: “eram muitos, mas, se os vir hoje, um a um, reconheço-lhes a cara”, afirma.
Ataque a autocarro
Para além desta agressão, antes do jogo – ganho pelo Vitória SC por 2-0 – houve várias escaramuças entre adeptos, nomeadamente um ataque com garrafas de água e pedras a um autocarro, vindo de Guimarães, na Rua de São Martinho.
Deram-se ainda várias tentativas de agressões mútuas, nomeadamente junto às redes que separavam os adeptos, mas que foram dominadas pela Polícia.
No dia, a PSP vigiou os adeptos dos dois clubes, antes e após a partida com cerca de 300 agentes.
Na passada segunda-feira, a PSP de Braga anunciou que havia detido um homem de 26 anos, “por participação em rixa” e que foi enviado a Tribunal.
A Polícia não disse a que clube era aficionado.
