Dois antigos dirigentes e um ex-colaborador da Associação Social Cultural e Recreativa de Apúlia (ASCRA), de Esposende, remeteram-se hoje ao silêncio no Tribunal de Braga, no início do julgamento em que respondem por alegado desvio de dinheiro daquela coletividade.
O processo tem ainda uma quarta arguida, também ex-dirigente da ASCRA, que será julgada separadamente.
No total, e segundo a acusação, os arguidos terão prejudicado a ASCRA em cerca de 140 mil euros.
Os factos terão ocorrido entre1997 e 2005, estando os arguidos acusados dos crimes de administração danosa, burla qualificada e peculato.
Uma acusação que surge depois de a atual direção, presidida por João Figueiredo, ter pedido uma auditoria às contas.
Em relação aos ex-dirigentes, um homem e uma mulher, a acusação diz que em causa estão compras que fariam em nome da associação mas que seriam para seu consumo próprio.
A acusação alude a casacos de pele, casacos com gravata, vestidos, chuteiras, bronzeadores, chicletes, iogurtes magros, barris de cerveja, pensos higiénicos, bijuteria, bilhetes de cinema para quatro pessoas, quase 600 euros de leitão assado comprado num restaurante em Rio Tinto, chicletes, consolas e bijuteria, ente vários outros produtos.
Almoços e jantares também constam da lista.
Hoje, na primeira sessão do julgamento, a defesa trabalhou a tese de que esses produtos se destinariam a festas promovidas pela ASCRA ou a utentes da associação.
Ouvido em tribunal, o atual presidente da ASCRA, João Figueiredo, disse que aquelas compras causaram “estranheza”, quer pelas quantidades, quer pelos valores em causa, quer ainda pelos dias em que foram realizadas, muitas vezes ao fim de semana.
Em causa, por exemplo, o facto de haver gastos com apenas quatro bilhetes para uma sessão de cinema, quando a associação tem “largas dezenas” de utentes.
Por outro lado, os quase 600 euros gastos em leitão assado, num restaurante de Rio Tinto, valor para o qual João Figueiredo disse não ter encontrado explicação.
Há também registos de um almoço ao domingo, nas Piscinas Municipais de Bragança.
Os ex-dirigentes são ainda acusados de pagarem as reparações dos seus automóveis particulares com dinheiro da ASCRA e de se terem aproveitado da associação para pagamentos de um empréstimo bancário.
Quanto ao ex-colaborador, a acusação refere que os cheques que a ASCRA lhe pagava eram falsificados, inflacionando os valores a receber.
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