A política espanhola tem sofrido com a instabilidade dos resultados das duas últimas eleições para o Governo, não conseguindo o PSOE, partido vencedor, uma maioria que lhe permita assumir as rédeas do país.
Pedro Sanchez, atual primeiro-ministro provisório, parece estar prestes a resolver o impasse através de um acordo com os diferentes partidos de esquerda (e alguns independentistas), de forma a conseguir ser legitimado no cargo que ocupa desde 2018.
Um dos partidos envolvidos neste acordo governativo é o Bloco Nacionalista Galego, cujo deputado Néstor Rego pode ter uma voz a dizer na investidura de Sanchez. Mas, para isso, o galego quer ver tomadas algumas medidas que aproximem a Galiza de Portugal.
No acordo do Bloco, é pedido que se “acelere a modernização” da linha ferroviária entre Vigo e Valença, já no lado português da fronteira. Outra das previsões para os próximos anos, caso o PSOE mantenha uma governação estável, passa pela garantia de redução das portagens da A9, que liga Ferrol (norte da Galiza) a Valença.
Outra das medidas previstas no acordo passa por facilitar a emissão de canais de rádio e televisão portugueses no território da Galiza, uma medida que já estava prevista desde 2014, na conhecida “Lei Paz-Andrade”, mas que não foi executada pelos governantes espanhóis.
Esta última medida servirá para promover a língua galega em detrimento da castelhana, uma vez que os galegos compartilham a línguística com os portugueses, sobretudo os das regiões raianas do Alto Minho.
Segundo o jornal Público, a Televisão da Galiza (TVG) acordou com a RTP a realização de conteúdos de ficção e entretenimento conjuntos, como é o caso do programa “Aqui Portugal” em território galego.
O Bloco pretende ainda ver garantidos à Galiza os mesmos direitos da Catalunha, caso exista algum acordo que altere a estrutura territorial do Estado espanhol.
Este foi um dos vários acordos assinados entre os operários socialistas e diversos partidos regionalistas, sendo o mais mediático o assinado com a Esquerda Republicana da Catalunha, cujo líder se encontra a cumprir pena de prisão efetiva por movimentações contra o Estado espanhol, em prol da independência catalã.
A investidura de Pedro Sánchez está prevista para esta terça-feira, devendo conseguir 167 votos favoráveis contra 164.