O atual contrato de concessão dos Transportes Urbanos de Guimarães (TUG), com a Arriva, termina em março e a empresa que venceu o concurso público para os próximos dez anos, a Transportes Vale do Ave, não está em condições para avançar na data acordada.
A Arriva, que não se apresentou ao concurso público internacional, para a concessão dos transportes públicos urbanos, em novembro, prevendo que a empresa que venceu o concurso não conseguiria cumprir os prazos para iniciar a exploração, propôs à Câmara Municipal de Guimarães uma extensão do prazo da atual concessão, por um ano. Nessa altura, a proposta da Arriva foi rejeitada pelo Município.
Perante a rejeição da proposta de extensão do contrato de concessão, a Arriva começou a tomar disposições para deixar Guimarães. Planificou a deslocação dos autocarros para outras cidades, depois de repintados, e fez uma provisão financeira no orçamento para 2021 para despedimentos
Entretanto, perante a impossibilidade de a Vale Ave começar a explorar a concessão, em março, foi agora a Câmara Municipal de Guimarães que se viu na necessidade de propor a extensão do contrato à Arriva.
Segundo a vereadora Sofia Ferreira, a Câmara alcançou um acordo com a Arriva que permite prolongar a atual concessão até agosto, data partir da qual a Vale do Ave deve começar a operação. A vereadora, responsável pelas áreas do ambiente, serviços urbanos, turismo, recursos humanos e proteção civil da Câmara Municipal de Guimarães, afirma que a nova concessão de transportes será um “projeto ambicioso”, com mais cobertura, mais linhas e uma frota renovada com 22 autocarros elétricos.
De acordo com a vereadora, os atrasos no arranque da nova operadora estão relacionados com documentação adicional que o júri solicitou à Vale do Ave.
Autocarros elétricos podem demorar um ano a chegar
Um especialista do setor explicou a O MINHO que, entre a encomenda de um autocarro elétrico e a sua entrega, medeia, pelo menos, um ano. É o caso dos STCP, em que o concurso público para a aquisição de cinco viaturas elétricas terminou em maio 2020 e a previsão para a sua entrada em circulação aponta para entre junho e outubro de 2021.
De acordo com este especialista, se a Transportes Vale do Ave tivesse encomendado os 22 autocarros de que fala a vereadora – uma operação com um custo superior a 10 milhões de euros –, logo que o contrato de adjudicação foi assinado, eles só poderiam estar em funcionamento entre o final de 2021 e o meio de 2022.
Para este especialista é difícil compreender como é que um operador que venceu o concurso para prestação do serviço público de transportes de Guimarães, apresentando uma proposta no valor de pouco mais de 15 milhões euros, pode fazer um investimento em viaturas elétricas de mais de 10 milhões.
Recorde-se que a Transportes Vale do Ave venceu o concurso apresentando uma proposta por, sensivelmente, metade do preço base, 30 milhões.
A Arriva não se apresentou a este concurso e O MINHO sabe, por fonte próxima da administração da empresa, que tal se deveu a o preço base ser considerado muito baixo.
Bruno Fernandes, vereador social-democrata, afirma, em declarações a O MINHO, que “este processo é uma marca da ineficácia desta governação, que vai terminar este mandato com esta questão adiada. A Câmara não consegue, num mandato completo, resolver o problema da mobilidade, indispensável para fomentar a coesão territorial e o desenvolvimento do concelho”.