Abelha asiática gigante propaga-se na Europa e aproxima-se de Portugal

Biodiversidade
Ilustrativa. Foto: DR / Arquivo

A abelha gigante de resina (Megachile sculpturalis), a primeira abelha exótica documentada na Europa, está a propagar-se a uma velocidade vertiginosa por todo o continente, indica um estudo divulgado na revista “Science of the Total Environment”.

Em Espanha, ocorre sobretudo na costa leste, na zona mediterrânea e na fronteira com França, mas começa a propagar-se para costa Cantábrica, a caminho da região da Galiza.

Diferença de tamanhos entre a Megachile sculpturalis e a abelha nativa europeia. Foto: University of Kansas

Esta abelha invasora, detetada pela primeira vez na Península Ibérica em 2018, já colonizou grande parte dos países da Europa central “a um ritmo vertiginoso e os seus registos aumentaram 10 vezes nos últimos anos”, segundo o trabalho citado pela agência noticiosa espanhola EFE.

Um estudo publicado na revista “Science of the Total Environment” afirma que o processo da invasão da abelha na Europa está apenas no início, dado que a “Megachile sculpturalis” colonizou apenas um quarto do território potencial que é capaz de invadir se forem tidas em conta as suas exigências ecológicas.

Megachile sculpturalis recolhe pólen. Foto: Paula Sharp
Fêmea de Megachile sculpturalis. Foto: Heagan Ahmed / USGS Bee Inventory and Monitoring Lab.
Fêmea de Megachile sculpturalis. Foto: Heagan Ahmed / USGS Bee Inventory and Monitoring Lab.

A espécie expande-se através das estradas, refugia-se nas cidades e as alterações climáticas não afetam a sua expansão, apenas a sua distribuição por toda a Europa, refere o trabalho, que contou com a participação do CREAF – Centro de Investigação Ecológica e Aplicações Florestais e da Universidade Autónoma de Barcelona.

Como a maioria das cerca de duas mil espécies de abelhas existentes na Europa, esta é solitária e todas as fêmeas se reproduzem e criam o seu próprio ninho, em buracos que encontram ou fazem nos troncos das árvores, vivas ou mortas.

Originária da Ásia oriental, esta abelha invasora pode ter mais de dois centímetros
Estando concentradas em áreas urbanas, utilizam também construções humanas para nidificar, por exemplo buracos de tijolos, extraindo o pólen, quase exclusivamente, de algumas árvores ornamentais exóticas.

Megachile sculpturalis enche favo com resina. Foto: Alonso Abugattas
Larva de Megachile sculpturalis. Foto: Alonso Abugattas

Segundo os biólogos, as alterações climáticas não deverão favorecer a potencial área de invasão da espécie na Europa, mas poderão modificar a sua distribuição, sendo esperada uma menor presença nas regiões mediterrânicas e uma maior no centro e norte do continente, bem como nas ilhas Grã-Bretanha, Irlanda e adjacentes.

Na Península Ibérica, a abelha gigante de resina concentra-se na costa leste, embora se preveja que chegue em breve às regiões da costa cantábrica.

Megachile sculpturalis recolhe pólen. Foto: Paula Sharp

Originária da Ásia oriental, esta abelha terá chegado à Europa por via marítima através do transporte de madeira e, apesar de o seu comprimento poder ser superior aos dois centímetros, não é agressiva.

Embora refiram que “as invasões biológicas são uma das principais causas da perda da biodiversidade no mundo”, os autores do estudo afirmam que “são limitados” os danos ecológicos e humanos que a abelha gigante de resina pode causar.

Ainda assim, consideram necessário vigiar a espécie para obter “mais conhecimento científico e avaliar corretamente a sua situação como espécie exótica invasora”.

 
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