ARTIGO DE OPINIÃO
Carla Pires
Enfermeira no Serviço de Neonatogia – Hospital de Braga. Com 13 anos de experiência na Unidade de Cuidados Intermédios Neonatais e Pediátricos, é apaixonada pela arte do cuidar e do desenvolvimento pessoal.
Na azáfama da vida moderna, onde as demandas profissionais e pessoais muitas vezes nos afastam de um ritmo mais humano, é fácil cair na armadilha de negligenciarmos o autocuidado.
A parentalidade, com as suas exigências constantes, pode transformar-se numa experiência de entrega absoluta, onde o bem-estar dos nossos filhos parece estar acima de tudo.
Contudo, é crucial recordar que só conseguimos cuidar verdadeiramente dos outros quando estamos bem connosco próprios.
O autocuidado não é egoísmo. Muito pelo contrário. Existe uma falsa dicotomia que associa o cuidado pessoal ao egoísmo, especialmente no contexto da parentalidade. Mas cuidar de nós não significa ignorar as necessidades dos nossos filhos; muito pelo contrário, é um ato que fortalece a relação.
Quando nos permitimos descansar, nutrir as nossas paixões, cultivar amizades e cuidar da nossa saúde mental e física, tornamo-nos pais mais presentes, equilibrados e emocionalmente disponíveis.
O autocuidado pode começar em pequenos gestos: tirar um tempo para ler um livro, ir caminhar, socializar com amigos e família, dormir, ir ao cabeleireiro, fazer exercício físico, meditar, ver uma série ou simplesmente respirar fundo.
Estas pausas não diminuem a nossa dedicação, mas sim, reforçam a capacidade de estarmos realmente presentes de corpo e alma, para os nossos filhos e fazem-nos consequentemente, mais capazes de enfrentar os desafios e alegrias da parentalidade.
A parentalidade é uma jornada contínua de aprendizagem e crescimento.
Quando nos comprometemos a cuidar de nós, estamos a criar as condições necessárias para nutrir relações mais saudáveis, significativas e felizes. E isso, sem dúvida, será o maior presente que podemos oferecer aos nossos filhos – e a nós mesmos.