A Cozinha por António Loureiro, uma nova estrela Michelin que nasceu em Guimarães

O Chef António Loureiro é natural de Guimarães, onde regressou, há dois anos, para abrir A Cozinha por António Loureiro. Era responsável pelo restaurante do Meliá Braga Hotel & Spa. Tem 48 anos, três filhos e sempre quis ser cozinheiro. E é do Vitória SC. Claro.
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O restaurante “A Cozinha”, em Guimarães, foi galardoado esta quarta-feira com uma estrela Michelin, durante a apresentação do Guia ibérico, em Lisboa. O estabelecimento do ‘chef’ António Loureiro é uma das novidades no Guia Michelin Espanha e Portugal 2019.

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Em Portugal, os inspetores “encontraram pepitas de ouro gastronómicas em locais por vezes insólitos e isolados”, refere a Michelin, em alusão a dois restaurantes, em que um deles é “A Cozinha”.

“Acabo de concretizar um sonho! É o culminar de muito trabalho, muito empenho, muita pesquisa. Estou muito feliz! Não quero nem posso esquecer neste instante toda a minha família pelo apoio incondicional nos momentos mais difíceis e horas mais complicadas. Uma última palavra também para a minha brigada, incansáveis! Sem eles não teria chegado aqui. Este momento também é deles”, disse o chef António Loureiro ao jornal digital “Observador”.

O restaurante, que fica no Largo do Serralho, surpreendeu com uma cozinha moderna, que demonstra “equilíbrio e sensibilidade” e obteve a sua primeira estrela.

António Loureiro, o ‘Chef’ 

António Loureiro é natural de Guimarães, onde regressou para abrir “A Cozinha”. Tem 48 anos, três filhos e sempre quis ser cozinheiro. E é do Vitória SC. Claro.

Tirou o curso e a carta profissional na Escola de Hotelaria do Porto.

Em 2014, ganhou a 25.ª edição do concurso “Chefe Cozinheiro do Ano”, maior competição para cozinheiros profissionais em Portugal, altura em que era responsável de “El Olivo”, restaurante do hotel Meliá, de cinco estrelas, em Braga.

António Loureiro. Foto: Divulgação

“Acabo de concretizar um sonho! É o culminar de muito trabalho, muito empenho, muita pesquisa. Estou muito feliz! Não quero nem posso esquecer neste instante toda a minha família pelo apoio incondicional nos momentos mais difíceis e horas mais complicadas. Uma última palavra também para a minha brigada, incansáveis! Sem eles não teria chegado aqui. Este momento também é deles”, disse após receber a distinção.

“O aroma, sabor, intensidade, criatividade e a um enorme respeito pela essência, nobreza e qualidade dos ingredientes”, foram os pontos elogiados pelo júri do concurso, que avaliaram a prestação que teve na final, onde esteve cerca de seis horas a cozinhar.

Antes, já tinha feito vários estágios em restaurantes nacional e internacionais de relevo.

 

Vídeo: Em janeiro deste ano, o chef António Loureiro deu uma entrevista à “Guimarães TV”.

“Sempre quis ser cozinheiro”, diz António na entrevista à Guimarães TV.

Começou no mundo da cozinha há quase 25 anos. Iniciou a carreira em 1994, passou por vários restaurantes – nacionais e internacionais – com estrelas Michelin e dirigiu a cozinha de alguns dos melhores hotéis portugueses. Mas a ligação aos tachos é mais antiga.

“A minha mãe tinha de ir trabalhar, e deixava-me as coisas mais ou menos orientadas, embora às vezes a coisa não corresse muito bem, pois íamos para a brincadeira e esquecíamos a comida (risos)”, contava numa entrevista ao jornal “Mais Guimarães”.

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“Depois, sempre tive boas referências na família, a minha avó era excelente cozinheira, algumas tias também, e como tal, foi algo que sempre quis pelo menos tentar. Decidi fazer uma formação, um pequeno curso, e foi aí que vi claramente ser aquilo em que eu queria fazer carreira. A partir daí dediquei-me totalmente a aprofundar conhecimentos, não só a nível académico, como também profissional”, assinalava.

Destaca a paixão, talento, humildade e força de vontade como principais características para o sucesso.

“A formação é só uma parte importante do processo, sem as outras qualidades não é suficiente”, dizia à publicação vimaranense.

Na altura, o chef António Loureiro já pensava em vir a ter, um dia, o seu próprio espaço. Apesar de dizer – e saber – que “um restaurante é uma prisão numa gaiola de ouro, em que eventualmente podemos ter muito sucesso, até ganhar muito dinheiro, mas temos que lá estar a tempo inteiro”.

E seria em Guimarães.

“Sem dúvida que Guimarães é uma cidade encantadora e eu, sou uma pessoa bastante presa à minha terra, às minhas origens, o Vitória é o clube o meu coração, e vivo intensamente também as tradições da minha cidade”, confessava nessa longa entrevista.

Em 2016, abriu portas o restaurante “A Cozinha por António Loureiro”. Hoje, tocou numa estrela. A estrela por muitos desejada, a distinção que muito poucos conseguem.

O Restaurante

“A Cozinha por António Loureiro” fica no Largo do Selho, no coração de Guimarães.

Apresenta-se como “um novo conceito, onde criatividade e tradição se combinam para estimular os sentidos”.

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Tem uma sala principal pequena, “mas é enorme a experiência que promove” – diz a rubrica “Boa cama, boa mesa”, do jornal Expresso. No primeiro andar tem um espaço para refeições mais privadas e um terraço com uma horta aromática.

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Pautando o ritmo das estações e em sintonia com a natureza, tem como pontos de partida o nosso receituário e a autenticidade dos produtos locais, aliando a sofisticação da cozinha de autor à simplicidade da cozinha tradicional.

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Para além das propostas à carta, no restaurante estão disponíveis os menus “Tradição” e “Estação”, ambos por 45 euros, e “Momentos”, por 65, segundo referia a mesma reportagem do “Expresso”, em fevereiro passado.

As Estrelas Michelin

O primeiro Guia Michelin ibérico, considerado uma referência mundial na qualificação de restaurantes, data de 1910, mas seria preciso esperar até 1926 para surgir a primeira distinção e mais dez anos para chegar a segunda estrela.

Na história de mais de um século do Guia Michelin em Portugal, dois restaurantes detêm o recorde de longevidade: o ‘Porto de Santa Maria’ (Cascais) teve uma estrela Michelin durante 25 anos (1984-2008), tantos como o ‘Vila Joya’ (Albufeira), que ganhou a primeira estrela em 1994 e, cinco anos depois, conquistou a segunda estrela, distinção que mantém até hoje.

O Guia Michelin nasceu em França em 1900, como uma forma de ajudar a empresa a vender pneus, promovendo deslocações de carro para hotéis e restaurantes que avaliava. Dez anos depois, surgiu a edição de Espanha e Portugal e, três anos mais tarde, uma edição única para Portugal, que, ao longo dos anos, foi tendo algumas ‘intermitências’, ora não sendo editada ora juntando-se com o guia espanhol.

As distinções do ‘guia vermelho’ são equiparadas aos ‘óscares’ da gastronomia e têm três categorias: uma estrela (‘cozinha de grande finura, compensa parar’), duas estrelas (‘cozinha excecional, vale a pena o desvio’) e três estrelas (‘cozinha única, justifica a viagem’).

De acordo com um levantamento de Antonio e Juan Cancela, dois irmãos espanhóis que detêm uma das duas coleções integrais dos guias Michelin no mundo, o ‘Santa Luzia’ (Viana do Castelo) e o ‘Hotel Mesquita’ (Vila Nova de Famalicão) foram os primeiros restaurantes portugueses a receber a primeira distinção, em 1929, que mantiveram, ambos, durante sete anos.

Em 1936 surgiu a primeira atribuição de duas estrelas a um restaurante português, o Escondidinho (Porto), que manteve durante três anos. Depois, seria preciso esperar mais de 60 anos para o Vila Joya alcançar a mesma distinção, em 1999.

Dos restaurantes portugueses distinguidos na edição de 2018, o Henrique Leis (Almancil, ‘chef’ Henrique Leis) é o mais ‘antigo’, com uma estrela desde 2001, seguindo-se a Fortaleza do Guincho (Cascais, Miguel Rocha Vieira), desde 2002.

Atualmente, Portugal tem cinco restaurantes com duas estrelas Michelin: Vila Joya (‘chef’ Dieter Koschina); Ocean (Armação de Pêra, Hans Neuner); Belcanto (Lisboa, José Avillez), Il Gallo d’Oro (Funchal, Benôit Sinthon) e The Yeatman (Vila Nova de Gaia, Ricardo Costa), além de 18 restaurantes com uma estrela.

Esta quarta-feira, Lisboa acolheu, pela primeira vez, a gala de apresentação do Guia Michelin Espanha e Portugal, durante a qual foram anunciados quais os restaurantes que ganharam, mantêm ou perderam estrelas na edição de 2019.

Durante a cerimónia, com cerca de 500 convidados, sete ‘chefs’ de restaurantes da região de Lisboa  prepararam um jantar: José Avillez (Belcanto, o único com duas estrelas na capital portuguesa), Henrique Sá Pessoa (Alma), Joachim Koerper (Eleven), João Rodrigues (Feitoria), Miguel Rocha Vieira (Fortaleza do Guincho), Sergi Arola (LAB) e Alexandre Silva (Loco), todos com uma estrela.

A Cozinha por António Loureiro

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+351 253 534 022
MORADA
Largo do Serralho nº4
4800-472 Guimarães
Notícia atualizada às 0h43 com declarações feitas ao jornal digital “Observador” (vídeo).

 
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