As cheias que ocorreram ao longo de grande parte das margens do rio Este dentro da cidade de Braga, esta quarta-feira à tarde, causaram vários prejuízos, com uma família residente na Rua Conselheiro Lobato a fazer a conta de cerca de 10 mil euros só em mobília e artigos têxtil que eram para comercializar.
A situação foi denunciada a O MINHO por Marta Ferreira, presidente do PS na Assembleia de Freguesia de São José de São Lázaro e São João do Souto, freguesia onde reside a família afetada, apontando incúria à Câmara por, diz, não ter acautelado a desobstrução dos canais de águas pluviais naquela zona da ‘baixa’ da cidade.
“Eventualmente [esta inundação], terá a ver com falta de limpeza dos canais de escoamento, uma vez que não deve ter havido efeitos de prevenção para estas chuvas, ou pelo menos esta situação em si não foi acautelada”, alega Marta Ferreira, falando ainda na inundação “com consequências menos graves” na Rua dos Barbosas, “também por falta de escoamento”.
Fernando Marques, morador no terreno da Conselheiro Lobato que ficou completamente alagado com duas casas inundadas, estava furioso quando falou com O MINHO, afirmando que a água que lhe entrou pela casa dentro “chegou a ter um metro de altura dentro do quarto”.
“Toda a mobília da casa ficou estragada, é um prejuízo de cerca de 4.500 euros. Também na garagem, onde estava guardado material têxtil para comercialização no valor de cerca de 5.000 euros, a água inundou tudo”, adiantou.
Centenas de peças de roupa estão agora penduradas um pouco por toda a casa, de forma improvisada, a ver se dão para recuperar.
Marques culpa a Câmara, a quem acusa de “só querer saber de inaugurações de Noites Brancas” e os membros do executivo, que “só se preocupam com inaugurações de vinhos e fazer festinhas na cidade”.
“Andam os fiscais aí de um lado para o outro, à volta do rio, mas não fazem nada, é só para aparecerem. Andam a fiscalizar, mas não fiscalizam nada, caso contrário isto não tinha acontecido”, garante o morador há 50 anos naquela rua.
O MINHO tentou obter uma reação de Altino Bessa, vereador responsável pela Proteção Civil e pelo Ambiente, mas sem sucesso até à publicação desta notícia.
Marta Ferreira concorda com os moradores insatisfeitos, e aponta a zona de Ponte Pedrinha, perto do Altice Forum e da Polícia Judiciária, como uma zona crítica, onde “há anos que os moradores se queixam de inundações porque não é feita limpeza tantas vezes como deveria”.
Para resolver a questão, a socialista considera que deve ser feito um estudo, “que até já foi prometido – e se existe nunca foi concretizada nenhuma medida – sobre as causas das cheias”.
E pede também que “se tomem ações preventivas a fundo para que isto não volte a acontecer, sobretudo em relação à questão da limpeza dos canais de escoamento”.