“A adesão à Águas do Alto Minho foi um erro de gestão incompreensível”

Entrevista com Maurício Antunes da Silva, candidato da Iniciativa Liberal à Câmara de Viana

Maurício Antunes da Silva é o cabeça de lista da candidatura autárquica do Iniciativa Liberal, à Câmara Municipal de Viana do Castelo. Vive, há vários anos, no concelho de Viana do Castelo, mas é natural do Brasil. Aos 37 anos, com um percurso profissional no setor da indústria, Maurício Silva formou-se em “Produção e Especialização em Qualidade e Melhoria Contínua”. Está na corrida autárquica confiante, que o “desgosto” do eleitorado do centro-direita permitirá a eleição de um vereador do seu partido, a Iniciativa Liberal.

Quais são as suas prioridades para o município de Viana do Castelo?

Dar voz aos cidadãos e devolver a esperança de um novo futuro, com um programa moderado e desenvolvido por vianenses comuns, que não vivem da política.

Defender a descentralização e maior autonomia autárquica, redução da carga fiscal para pessoas e empresas e o cheque de saúde local para os mais carenciados. Nestas três bandeiras é possível encontrar os três eixos da Iniciativa Liberal: Liberdade política, liberdade económica e liberdade social. Somos o único partido moderado com um programa desenhado para gerir a autarquia por quatro anos e dar um novo rumo ao concelho. Mantemos a esperança de os jovens se poderem fixar no concelho para dinamizarem Viana do Castelo e aumentarem a capacidade de valor acrescentado para a sociedade. Temos a esperança de proporcionar uma autarquia menos burocrática e mais transparente, com projetos de melhoria dos serviços públicos e maior autonomia as freguesias. Ao contrário de outros, não apresento esta candidatura autárquica por ambição pessoal ou por necessitar da política para viver, mas sim por acreditar neste projeto e saber que Viana necessita urgentemente de um futuro mais risonho.

Como caracteriza a concessão da empresa Águas do Alto Minho?

A adesão à Águas do Alto Minho foi um erro de gestão incompreensível. Os Serviços Municipalizados tinham um lucro médio anual de 1,2 milhões de euros e este valor deveria ser utilizado para investir em infraestruturas de água e saneamento. A justificativa para adesão foi, que a Águas do Alto Minho seria a responsável por estes investimentos, porém o que se verifica até o momento é que a autarquia continua a gastar quase 6 milhões de euros sem ter autonomia e capacidade de gestão do serviço da água. Para uma alteração deste modelo de serviço deveria ter sido realizada uma auscultação pública. É possível reverter o serviço, para tal é necessário vontade política em defesa dos cidadãos, pois há uma cláusula que cita que caso o desvio seja igual ou superior a 7,5% entre o estudo de viabilidade económica e o resultado líquido obtido pode haver cessação contratual.

A economia do Alto Minho foi extremamente afetada pela pandemia da covid-19. Tanto pelo encerramento de fronteiras com a Galiza, como pelos sucessivos confinamentos. Como planeia aplicar o PRR e que incentivos propõe para a recuperação económica do concelho de Viana do Castelo?

A maior pandemia que Viana tem atravessado são 28 anos de socialismo que nos coloca no último lugar das capitais de distrito relativo ao poder de compra. Entre 2015 e 2019 tivemos uma queda de 15% no valor de exportação de mercadorias e uma queda da indústria transformadora. O PRR por si só não trará nenhum desenvolvimento se for mal aplicado. A bazuca deve estar ao lado de quem gera investimento e inovação para recuperação dos setores cruciais da economia para que possam melhorar suas infraestruturas e aumentar a competitividade com outras empresas europeias.

“Nunca serei a favor da exploração do lítio a céu aberto, pois é um crime ambiental”

Maurício Antunes Silva em campanha. Foto: DR

A exploração do Lítio na Serra D´Arga preocupa a população do distrito. Como avalia a mobilização da indústria extrativa para a região?

A forma como tem sido gerida esta matéria com total ocultação dos verdadeiros impactos ambientas e possíveis benefícios financeiros e desenvolvimento local têm sido um total desrespeito aos cidadãos. Sou um grande apaixonado pela Serra d’Arga e regularmente vou fazer trilhos e caminhadas pela Serra e nunca serei a favor da exploração do lítio a céu aberto, pois é um crime ambiental. No caso da perfuração deve ser clarificado os benefícios e riscos e por ser um tema que pode afetar, positivamente ou negativamente, várias gerações, de uma forma democrática achamos que os vianenses devem ser ouvidos através de um referendo local após uma exposição isenta e clara das vantagens e desvantagens e sob discussão de forma serena e sem extremismos sob a possibilidade de perfuração para a exploração do lítio. Recordo que hoje temos as baterias de lítio em todos os eletrónicos que utilizamos (portáteis, telemóveis, tablet) inclusive nos carros elétricos.

Os estaleiros navais de Viana do Castelo representam uma privatização de sucesso?

Os estaleiros navais é uma subconcessão da WestSea ao Estado Português. E sim, é um caso de sucesso. Demonstra que uma gestão eficiente e sem o estado a interferir nas decisões, com objetivos bem definidos, aumento de produtividade e rentabilidade é possível desenvolver uma atividade de sucesso.

As respostas de habitação social em Viana do Castelo são suficientes para satisfazer as necessidades da população?

Não podemos confundir habitação social com habitação a preços controlados para a classe média. As pessoas carenciadas necessitam da ajuda social da autarquia, ajuda essa que será contemplada no nosso programa. No caso das habitações para a classe média temos de ser competitivos com os concelhos vizinhos e necessitamos de um PDM simplificado, bem como de facilitar os processos de licenciamentos de obras para desenvolver e acelerar construção local. Uma maior liberalização vai trazer mais investidores interessados, mais concorrência, e, com isso, mais oferta e preços mais baixos. O mercado deve poder respirar para melhor funcionar. Os cidadãos da classe média não querem uma moradia oferecida pela autarquia e paga por todos os vianenses. Pretendem ter capacidade de compra para adquirir o seu imóvel e escolher onde querem viver. Hoje, o preço da construção é fruto de oligopólios que dominam o mercado com o apoio de uma Câmara Municipal burocrática e que favorece as empresas que melhores relações têm dentro da autarquia. Infelizmente neste programa socialista revelado em plena campanha de construção de habitação a preços controlados para a classe média, paga por todos os vianenses, já sabemos quem serão os beneficiados com estas moradias. Os cidadãos com a vida estabilizada noutros concelhos não alteram a sua vida ao verem um “outdoor” na estrada a informar que somos uma terra agradável para viver. A estratégia para fixar pessoas tem de ser um projeto conjunto e ambicioso, e que vai desde a colaboração num programa de parceria com o IPVC para abranger o mercado laboral local e os cursos disponíveis, até à criação de um polo da Universidade do Minho para possível fixação futura dos estudantes. Para fixar estes estudantes no futuro, é necessário termos uma redução da carga fiscal para as pessoas, simplificação do PDM para construção e consequentemente acessibilidade a habitação, atividades e eventos culturais para criar uma dinâmica de vida e mostrar que a cidade está viva e disponível para receber. Porém, para atrair as pessoas é necessário haver empresas de distintos setores e que acrescentem valor ao concelho, e possuir um programa a médio prazo para que seja aliciante a transferência ou criação de uma empresa num local geoestratégico como Viana do Castelo, e que estes jovens não se sintam aliciados de emigrarem para países liberais.

“É relevante criar um inventário de património de edificado com importância histórica e de memória cultural abandonado”

Maurício Antunes Silva com o líder da IL, João Cotrim de Figueiredo. Foto: DR

O Convento de São Francisco do Monte está abandonado. Evitando mais situações semelhantes, que medidas propõe para a preservação e conservação do Património de Viana do Castelo?

Neste momento é propriedade do Instituto Politécnico de Viana do Castelo pelo qual a autarquia não tem interferência direta. Obviamente pode existir através da Câmara uma mediação de negociação para requalificar o espaço e desenvolver como ponto turístico. É relevante criar um inventário de património de edificado com importância histórica e de memória cultural abandonado permitindo a que privados que visem a concretização de programas de exploração e conservação tenham acesso a informação das potencialidades de investimento no concelho.

Como avalia a governação do atual executivo ao longo dos últimos 4 anos?

Trata-se de um executivo que está mais preocupado com a propaganda do que com a realidade dos vianenses. Apregoa que o nosso concelho tem crescido, tentando esconder os dados públicos do Instituto Nacional de Estatística (INE). Só em 2021 a autarquia já gastou quase 1 milhão de euros em propaganda local para promoção do partido.

Porque devem os vianenses votar no Maurício Antunes da Silva?

A Iniciativa Liberal é um partido de ideias e não de pessoas. Os cidadãos quando votam IL votam num projeto com um programa diferenciador e liberal, com pessoas comuns que não vivem da política. Um liberal é um humanista que sabe fazer contas. Pensa sempre no futuro, no desenvolvimento, na igualdade de oportunidades, no mérito, na descentralização, entre outros. E assim, tal como vem sendo prática comum, a Iniciativa Liberal apresenta um programa eleitoral que concorre com propostas concretas e moderadas. Em Viana do Castelo não poderia ser diferente e apresentamos um programa com várias bases orientadoras e ideias modernas para trazer uma nova dinâmica ao nosso concelho.

 
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