A 31 de janeiro de 1998 o Gil Eannes chegava a Viana. Faz hoje 22 anos

Mais de um milhão de visitantes
Foto: DR

A Fundação Gil Eannes comemora, hoje, o 22.º aniversário da chegada do Navio Hospital Gil Eannes a Viana do Castelo, depois de ter sido resgatado ao sucateiro Batista & Irmãos S.A., numa compra de 250 mil euros.

Recebeu obras profundas, com fundos angariados junto de instituições, empresas e cidadãos, e foi inaugurado em agosto de 1998.

Para assinalar esse dia, a Fundação Gil Eannes tem programado as comemorações para decorrerem ao longo de três dias.

O primeiro é já hoje com visitas gratuitas ao Navio Museu durante todo o dia e pelas 18:00 no navio, é apresentado o livro “Gil Eannes – Anjo do Mar” de João David Batel Marques, capitão da marinha mercante, natural de Aveiro, autor de quatro tomos sobre a história da pesca do bacalhau.

Pelas 21:30, momento do navio hospital virar palco de teatro pela primeira vez em três dias, com a apresentação da encenação “Gil Santareno Eannes” pelo Teatro do Noroeste – CDV.

Foto: Divulgação

A peça aborda a ligação de Bernardo Santareno ao navio hospital, onde prestou serviços como médico em 1959. Para além da medicina, foi um dos maiores dramaturgos portugueses do século XX, assinalando-se o centenário do seu nascimento em 2020.

O segundo dia, 01 de fevereiro, traz-nos ainda a apresentação do livro infantil “Mia a Bordo” de Francisca Lima, a partir das 10:00 horas.

Pelas 21:30, a peça sobre o médico escritor volta à cena, assim como no dia 02 de fevereiro, a partir das 19:30.

Abertura de 27 novos espaços

Para além dos eventos comemorativos, o camarote do médico Bernardo Santareno no navio-hospital é um dos 27 espaços que abre, sexta-feira, a bordo do navio que Viana do Castelo transformou em museu.

João Lomba da Costa, do conselho de administração a fundação Gil Eannes, que gere a embarcação, explicou à Lusa que a intervenção, realizada nos últimos dois anos, representou um investimento de cerca de 200 mil euros.

Além do camarote do médico Martinho do Rosário, que, com o pseudónimo literário Bernardo Santareno, se tornou num dos mais conhecidos dramaturgos portugueses, abre ainda aos visitantes a biblioteca do hospital, a lavandaria, farmácia, casa de secagem, engomadoria, as copas e as enfermarias.

“Com a reconstituição daqueles espaços, tal como eram quando o Gil Eannes foi construído pelos estaleiros navais, em 1955, está concluída a reabilitação das áreas expositivas do navio”, afirmou João Lomba da Costa.

Nascido em Viana, em 1955

O Navio Hospital Gil Eannes encontra-se aberto ao público como Navio Museu desde 1998, após desempenhar a importante missão de apoio à frota bacalhoeira da pesca à linha nos mares da Terra Nova e Gronelândia.

Foi classificado pelo TripAdvisor como o 7.º melhor museu a nível nacional nos Travelers’ Choice Awards e atingiu, desde que é museu, o marco de um milhão de visitantes em dezembro de 2019.

Navio Gil Eannes, em Viana do Castelo, atinge um milhão de visitantes

Foi construído em 1955, nos extintos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC), para apoiar a frota bacalhoeira portuguesa nos mares da Terra Nova e Gronelândia.

Foto: Arquivo da Fundação Gil Eannes

Também foi navio capitania, navio correio, navio rebocador, garantindo abastecimento de mantimentos, redes, isco e combustível aos navios da pesca do bacalhau.

Resgatado da sucata

O regresso à capital do Alto Minho aconteceu a 31 de janeiro de 1998, depois de ser resgatado de uma sucata. Ao longo de vários meses foi recuperado nos ainda ENVC – onde tinha sido construído meio século antes -, e no verão desse ano abriu portas como navio-museu, gerido pela fundação, de iniciativa municipal.

As visitas ao navio consistem na passagem pela ponte de comando, cozinhas, padaria ou pela casa das máquinas, mas também pelo consultório médico, sala de tratamentos, gabinetes de radiologia e bloco operatório.

A bordo existe ainda um simulador que permite navegar, virtualmente, a saída da barra de Viana do Castelo.

Visitante “um milhão”. Foto: Divulgação / CM Viana do Castelo

Em novembro de 2014, abriu portas a bordo do navio o Centro de Mar que representou um investimento de 550 mil euros financiado pelo Programa Operacional Regional do Norte (ON2) 2007-2013, no âmbito do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN).

O novo espaço dispõe, entre outras valências, de equipamentos multimédia, áreas de apoio ao empreendedorismo e economia náutica e permite experiências audiovisuais interativas.

O navio está ainda dotado de um percurso museológico e interpretativo sobre a cultura marítima de Viana do Castelo e de um Centro de Documentação Marítima.

 
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