O grupo de tráfico de drogas duras, heroína e cocaína, que usava várias casas camarárias no Bairro Social de Santa Tecla, em Braga, para facilitar a traficância, cujos lucros eram suficientes para férias de luxo de sete mil euros, em Palma de Maiorca, com empresas criadas para branquear dinheiro, foi traído por uma escuta telefónica, a mais importante do caso, em que uma das mulheres revelava todo o esquema e quem fazia as negociatas.
Segundo fontes ligadas ao processo contactadas por O MINHO, é pouco comum uma só escuta conter tanta informação, para mais descrevendo locais, pormenores e os nomes dos principais envolvidos, tendo tal conversa telefónica sido conhecida só recentemente.
Na entrada seis do bloco camarário três, eram colocadas traves de metal e de madeira, a fim de impedir a entrada de agentes policiais que seriam detetados por vigias, colocados em locais estratégicos e pagos com droga, já que serão toxicodependentes, eles próprios.
O grupo dos 18 suspeitos – treze homens e cinco mulheres – foi desmantelado durante a maior operação que a PSP de Braga realizou nos últimos anos, naquele que é tido como o maior “supermercado” de droga no Minho, onde os traficantes impõem as suas regras.
Segundo a acusação do Ministério Público, os principais arguidos tinham um sistema de rotatividade de oito dias cada, ao longo do mês, havendo “escalas de serviço” para todos os turnos, cobrindo assim as 24 horas do dia, usando a residência de um casal que já não morava ali, mas em Amares, bem como uma casa devoluta, só para esconderem a droga.
Os agentes da PSP apanharam em flagrante dezenas de toxicómanos, durante semanas a fio, que tinham acabado de comprar droga naquele bairro à média de dez euros por dose de heroína e igual quantia cada “base” de cocaína, traficadas dentro do bairro camarário.
A Esquadra de Investigação Criminal da PSP de Braga seguiu todos os passos, durante cerca de três meses, aos suspeitos de narcotráfico, não só às suas movimentações dentro do bairro camarário, mas também aos esquemas de branqueamento de dinheiro e outros modos de dissimularem os sinais exteriores de riqueza que ostentavam em Braga, não se limitando às escutas telefónicas que ajudaram igualmente a apertar o cerco aos arguidos.