A Associação de Pais do Vale do Âncora (APEVA) defendeu, esta quarta-feira, “não estarem reunidas as condições necessárias” para, “já no próximo ano letivo”, ser criado o ensino secundário público em Vila Praia de Âncora.
Em comunicado, a APEVA realçou “a importância da manutenção do ensino secundário na vila mais populosa do concelho de Caminha” mas criticou “a intenção de aumentar o número de alunos por turma de forma a reduzir o número de turmas, conseguindo assim ficar com salas disponíveis” para aquele nível de ensino.
A posição daquela associação de pais surge na sequência do anúncio desta quarta-feira, em conferência de imprensa, pelo presidente da Câmara de criação, em Vila Praia de Âncora, do ensino secundário público em resultado do “diálogo entre a autarquia e o Ministério da Educação”, na sequência dos cortes dos contratos de associação com os colégios privados para o próximo ano.
O socialista Miguel Alves revelou que o Ministério da Educação iniciará “nos próximos dias obras importantes” na escola básica da freguesia, “num investimento que se estima em 185 mil euros”, para melhorar as condições de acolhimento dos alunos.
“A escola básica foi criada para acolher alunos do 2º ciclo. Se já nos parecia pouco correto a coexistência de 1º, 2º e 3º ciclo no mesmo espaço, quanto mais agora a existência de um ensino secundário que necessita de ser de excelência por ser uma das fases mais importantes no percurso educativo dos nossos filhos“, defendeu aquela associação.
A APEVA criticou “a intenção de aumentar o número de alunos por turma, de forma a libertar salas de aula” para o ensino secundário, por considerar que a medida “influencia o rendimento, a aprendizagem e o sucesso educativo” e alertando “para a enorme diversidade etária dentro do mesmo estabelecimento de ensino”.
“Como pais não podemos considerar salutar a junção do 1º, 2º, 3º ciclo e secundário no mesmo espaço. A estrutura física da escola não permite a separação por níveis de ensino, mesmo havendo desfasamento de horários”, sustentou.
A APEVA destacou ainda o facto do Vale do Âncora ser “uma zona em que muitas famílias têm bastantes carências económicas, não podendo disponibilizar acompanhamento de estudo pós escolar, pelo que é necessário um acompanhamento dentro de sala de aula, o mais individualizado possível”.
“Isto é incompatível com turmas numerosas”, lê-se naquela nota.
A associação de Pais, queixou-se ainda de “nunca ter sido chamada à discussão do tema, nem ouvida por quem de direito, no sentido de ter uma voz ativa em todo o processo”, alegando “representar todas as escolas do Vale do Âncora”.
“Se o objetivo é a coabitação de todos estes ciclos de ensino, então, primeiro criem-se condições e depois proceda-se às respetivas alterações e divisões no espaço respetivo, ouvindo todos os intervenientes no processo educativo. Até lá a APEVA defende a manutenção das condições atuais para evitar a entropia do sistema de ensino e da qualidade de vida escolar dos nossos filhos”, destacou.
PSD acusa Câmara de “postura ditatorial” na negociação de contratos de associação
Relativamente ao mesmo assunto, o PSD de Caminha acusou o presidente da Câmara de ter assumido uma “postura ditatorial” nas negociações com o Ministério da Educação na sequência dos cortes nos contratos de associação com os colégios privados para o próximo ano.
Em comunicado, a comissão política concelhia do PSD afirmou que “mais uma vez, sem ouvir ninguém”, o autarca socialista Miguel Alves e o ministro da Educação “tornam públicos factos consumados sem ouvirem e auscultarem as populações“.
“O PSD de Caminha repudia a forma como o presidente da Câmara está a lidar com a questão das escolas do Vale do Âncora, mostrando um total desrespeito pela sua população e revelando que a Educação é uma área que nem ele nem o ministro Tiago Brandão Rodrigues dominam”.
Segundo o PSD, a medida anunciada pelo socialista Miguel Alves “só foi comunicada pelo autarca socialista à Ancorensis (estabelecimento de ensino privado que até agora assegurou em exclusivo esse nível de ensino), e à Junta de Freguesia de Vila Praia de Âncora minutos antes de a anunciar em conferência de imprensa“.
“Mais uma vez não ouviu ninguém e cozinhou, junto do ministro seu amigo, uma tentativa de sair airosamente do problema que a geringonça do governo está a causar a Vila Praia de Âncora”, frisou o PSD em comunicado.
“Lamenta-se a ignorância política do doutor Miguel Alves na área da Educação. Só alguém que nunca educou nenhum filho é que pode considerar normal e um facto histórico colocar, no mesmo espaço, crianças de seis anos de idade (1º ciclo) junto de adolescentes de 17 e 18 anos (ensino secundário). Esta é uma atitude ditatorial que em nada abona a favor da Educação”, defendeu o PSD.
“Uma coisa é apoiar-se o ensino público, outra coisa é querer transformar as nossas escolas em Campos de Concentração de jovens, colocando-os em massa no mesmo local sem condições para os albergar e misturando crianças pequenas com pré-adultos”, acrescentou.
Relativamente ao estabelecimento de ensino privado que até agora assegurou em exclusivo esse nível de ensino, o autarca revelou no encontro com os jornalistas estarem em curso “trabalhos de articulação entre o Câmara e o Ministério da Educação, visando a instalação de um Centro Qualifica no Vale do Âncora, que poderá ficar instalado na cooperativa de ensino Ancorensis”.
No entanto, especificou, “no próximo ano letivo, o Estado continuará a assegurar os contratos para o 8.º, 9.º, 11.º e 12.º anos, transferindo para a Ancorensis cerca de 900 mil euros”.
Para o PSD trata-se de “mera perseguição política à escola Ancorensis” lamentando que “a questão económica e social daquela cooperativa não seja acautelada, uma vez que as contrapropostas feitas não asseguram os 67 postos de trabalho atuais podendo, inclusivamente, e face a estes novos factos, levar ao encerramento ainda mais precoce desta instituição histórica”.
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