Não há um engenheiro em Portugal para fazer peritagem à derrocada que matou casal em Esposende

LNEC afirma que o apuramento das responsabilidades está fora da competência dos seus peritos
Não há um engenheiro em portugal para fazer peritagem à derrocada que matou casal em esposende
Foto: DR / Arquivo

As famílias do jovem casal de namorados – Susana e Fábio, ambos com 22 anos – que morreu na sequência de um deslizamento de terras, em Esposende, a 23 de novembro de 2022, continuam sem conclusões nem indemnizações.

O Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) diz que não tem competência para apurar as responsabilidades, o perito pediu escusa e a Ordem dos Engenheiros Técnicos (OET) não conseguiu nomear outro. Com o tempo a esgotar-se – o prazo para avançar para tribunal termina em novembro – Ana Bajão (mãe de Susana) está desesperada.

“Vamos avançar com uma ação, mas estamos revoltadas com toda esta situação. Sentimo-nos encurraladas pela falta de respostas”, queixa-se, Cristiana F. Sousa, advogada de quatro proprietários atingidos pelo deslizamento de terras, entre os quais Ana Bajão.

“Estamos, desde 24 junho de 2024, à espera de uma peritagem”, referiu.

Questionado pelo Ministério Público (MP) sobre se as moradias reuniam condições de segurança “para serem aprovadas”, o LNEC afirmou que: “Na ausência da implementação de intervenções que assegurassem as necessárias condições de estabilidade do talude, considera-se que a utilização das moradias comportava riscos muito elevados”. 

Quanto à responsabilidade pela implementação das medidas de segurança, o LNEC, em março de 2024, disse que “está fora da competência dos [seus] peritos”.

Em junho, o MP pediu à OE para nomear um técnico para fazer uma perícia mas, em março de 2025, o engenheiro nomeado fez um pedido de escusa que foi deferido. Na sequência, o MP pediu a nomeação de um novo perito.

Em resposta à OET afirmou que “não foi possível encontrar um técnico para realizar a peritagem” e remeteu o MP para o LNEC.

Assim se passou um ano e dois meses sem que o inquérito avançasse, com o prazo de três anos para Ana Bajão e os outros proprietários avançarem com uma ação judicial a esgotar-se – termina em novembro.

Perito nomeado é comandante de bombeiros, trabalha numa empresa de enchidos e não tem disponibilidade para executar a tarefa

A advogada dos lesados não compreende como é que o Ministério Público pode ter deferido o pedido de escusa do perito nomeado pela OET.

No requerimento de escusa enviado ao MP, o engenheiro alegou as muitas horas e quilómetros necessários à execução do trabalho, o facto de ser comandante de uma corporação de bombeiros e até a circunstância de colaborar na empresa de enchidos do pai.

Por todas estas razões, concluiu, oito meses depois de ser nomeado, não dispor “das condições necessárias para exercer a função”  e viu o pedido deferido. 

“É incrível como podemos estar há um ano à espera de uma peritagem”, lamenta Ana Bajão. 

 
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