O arcebispo espanhol Joan-Enric Sicília afirmou hoje em Fátima que migrantes e refugiados são mensageiros de esperança num “mundo obscurecido por guerras e injustiças”, destacando a sua “resistência face à adversidade”.
“Num mundo obscurecido por guerras e injustiças, mesmo onde tudo parece perdido (…), os migrantes e os refugiados são mensageiros de esperança”, disse Joan-Enric Vives i Sicília, na missa de encerramento da peregrinação internacional de 12 e 13 de agosto, que integrou a peregrinação nacional do migrante e do refugiado.
Perante milhares de fiéis no santuário, o prelado referiu-se à mensagem de Fátima, que “não perdeu a sua atualidade, porque o mundo continua a precisar de consolação, de conversão e, sobretudo, de esperança”.
Para o presidente da peregrinação, se “há alguém que precisa desta esperança viva hoje” são os “migrantes e refugiados, homens e mulheres marcados pela incerteza e pela espera”.
“A Virgem Maria não é alheia às dificuldades e sofrimentos de quem migra”, pois também ela foi “peregrina e refugiada” ao, caminhar “para o Egito para proteger o seu filho”, passando pela atual Faixa de Gaza, adiantou.
Realçando que, “no meio das trevas, brilha sempre uma luz para os mais pequenos, os pobres, os que choram e os que procuram um lugar no mundo”, o presidente da peregrinação, conhecida também como a peregrinação dos emigrantes, assinalou que, atualmente, “muitos migrantes caminham com uma mala numa mão e a fé na outra”.
“E é essa fé que o Jubileu vem renovar, porque o Ano Santo também é para eles, para lhes dizer que não estão sós, que a sua vida tem dignidade, que o seu futuro não está perdido, que a Igreja caminha com eles”, adiantou Joan-Enric Vives i Sicília, considerando que neste ano abrem-se as “portas” dos corações, das comunidades e dos países.
Reiterando que “acolher migrantes não é apenas uma obra de caridade”, mas “uma opção evangélica e jubilar”, o arcebispo emérito de Urgel, de que faz parte o Principado de Andorra, onde serviu a comunidade emigrante portuguesa, salientou que neste tempo a Igreja é chamada, mais do que nunca, a ser “mais aberta, mais hospitaleira”.
Aos presentes, desafiou para que sejam “missionários da esperança nos países” que os acolhem, “realizando novos itinerários de fé” ou “iniciando diálogos inter-religiosos feitos de vida quotidiana e de busca de valores comuns”, e que o seu entusiasmo espiritual e vitalidade “contribuam para revitalizar comunidades eclesiais envelhecidas e cansadas, nas quais o deserto espiritual avança ameaçadoramente”.
No final da celebração, o reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas, referiu-se ao “drama dos incêndios” e pediu orações, de forma especial pelos bombeiros.
“Neste dia, não podemos ignorar o drama dos incêndios que vai percorrendo o nosso país e também outros países vizinhos”, afirmou o sacerdote, lembrando “as inquietações que provoca e o rasto de destruição que deixa”.
Aos peregrinos, Carlos Cabecinhas pediu que rezem por “todos aqueles que são atingidos pelos incêndios”, mas de “forma especial pelos bombeiros e por todos quando combatem os incêndios”, apelando para que os ajudem com comportamento responsável.
A missa, onde se cumpriu a tradição da oferta de trigo, foi concelebrada por três bispos, 82 padres e 12 diáconos. Estiveram presentes cerca de 50 mil peregrinos, segundo estimativa do Santuário de Fátima.