Depois de alguns adiamentos, por razões processuais, sindicais e de agenda, o Tribunal Judicial de Braga inicia em setembro o julgamento de um homem acusado de, em janeiro de 2022, ter dado um murro num cunhado, o qual caiu e ficou com o pé debaixo do rodado de um autocarro dos TUB – Transportes Urbanos de Braga. A vítima veio a morrer mais tarde devido aos ferimentos.
Joaquim R., de 74 anos, de Braga vai ser julgado no Tribunal Judicial da comarca pela prática de um crime de ofensa à integridade física qualificada agravada pelo resultado de morte e de um outro, o de omissão de auxílio.
A acusação do Ministério Público diz que o arguido teve uma discussão com o cunhado em Braga. Deu-lhe um murro, e ele, já com 82 anos, caiu para a rua, precisamente no momento em que o autocarro dos TUB – onde ambos haviam viajado – .
E, conforme O MINHO então noticiou, o veículo passou-lhe por cima de uma perna e esfacelou-lhe um pé. O que foi causa da sua morte ocorrida quatro meses depois.
Injúrias e ameaças mútuas
O arguido e o cunhado, Viriato, apanharam, juntos, em janeiro de 2022, o autocarro que faz a linha entre o Hotel de Lamaçães e o hipermercado Eleclerc. No interior, pegaram-se de razões e discutiram pelo caminho proferindo ambos expressões de cariz injurioso e ameaçador.
Às 18:50 saíram na paragem junto à Ponte dos Falcões, em Maximinos, e continuaram a discutir junto ao passeio. Momentos depois, Joaquim esmurrou o cunhado e este caiu ao chão.
Só que o autocarro já tinha arrancado e o motorista não teve hipótese de evitar que passasse com a roda traseira direita em cima da perna, junto ao pé e ao tornozelo, tenda esta ficado esmagada debaixo do rodado.
Não ajudou o cunhado
A acusação diz que o agressor ainda se abeirou da vítima, mas nada fez, abandonando o local sem chamar uma ambulância, o que teve de ser feito por passageiros do autocarro: “Não obstante ter-se ainda abeirado do ofendido por instantes, que continuava prostrado no chão, e com o membro inferior retido naqueles termos, o arguido de imediato se ausentou dali, apeado e de forma apressada, não tendo prestado qualquer tipo de socorro ao ofendido, nem tão pouco contactou os serviços de emergência médica”, salienta a acusação.
Anota, ainda, que o arguido tem 1,75 metros de altura e forte compleição física, enquanto que a vítima de idade avançada, tinha 1,62 metros e era magro e frágil.
O INEM acabou por o transportar ao Hospital de Braga onde foi, de imediato, alvo de uma cirurgia, tendo ali focado internado. Mais tarde foi transferido para a Unidade de Cuidados Continuados do Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Vila Verde onde continuou os tratamentos ao esfacelamento que sofreu no pé e no tornozelo.
Em 14 de maio de 2022, e como o seu estado de saúde se agravou, veio a falecer, o que o Ministério Público entende ter sido devido à atuação do arguido.
No processo, a Unidade Local de Saúde de Braga pede-lhe que pague o custo do internamento, 8.650 euros, e a família da vítima, filho e viúva, demandam 195 mil euros de indemnização por danos patrimoniais e morais.